Tarcísio promete trecho norte do Rodoanel até 2026, com inauguração em etapas

Governo de SP assina contrato com concessionária que vai retomar obras e deve operar rodovia no futuro

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São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), assinou nesta quarta-feira (9) o contrato de concessão do trecho norte do Rodoanel, que agora tem a previsão de entrega para o segundo semestre de 2026. As obras tiveram início há dez anos e estão paralisadas desde 2018, e a entrega por governos anteriores já foi atrasada em sete anos desde a previsão inicial.

Nesta quarta, executivos da concessionária Via Appia FIP e representantes governo estadual prometeram dividir a entrega da obra em duas etapas. A parte do Rodoanel norte que liga as rodovias Dutra e Fernão Dias ao trecho leste deve ser entregue antecipadamente, e o restante, até 2026.

Não há uma previsão exata para a entrega do trecho antecipado. A empresa que fará as obras quer entregar essa primeira parte antes do que isso, o que vai depender do tempo em que vai trabalhar no projeto executivo das obras.

Túnel no trecho norte do Rodoanel Norte, que deve ter as obras retomadas, na região do Jardim Shangrilá, em São Paulo - Bruno Santos - 29.jun.2022/Folhapress

A Via Appia FIP tem, por força de contrato, até um ano para trabalhar apenas o projeto. Segundo o diretor da Starboard (que integra o consórcio que ganhou a concessão), Brendon Ramos, a empresa prevê que a conclusão da primeira parte do Rodoanel ocorra entre 12 a 15 meses.

A maior dificuldade técnica é que um túnel construído nessa parte da obra desabou durante os anos em que ficou abandonado. A concessionária terá como prioridade liberar os destroços do túnel, com a intenção de agilizar a obra.

"O ponto número um de ataque é a conclusão do túnel", disse Ramos. "Quando você conecta o Rodoanel [através do túnel], do ponto de vista da engenharia você ganha muito tempo."

Não há data acertada para a retomada das obras. "A nova concessionária terá um período de pré-construção, de até um ano, no qual realizará todos os levantamentos necessários para reassumir as obras: verificação dos trechos a serem concluídos, as condições dos segmentos já executados, para detalhar o que precisará ser refeito ou recuperado, entre outros dados técnicos", disse Tarcísio.

O setor de logística e transporte está entre as principais vitrines da gestão Tarcísio. O governador também promete dar início às obras de um trem que conecte a cidade de São Paulo a Campinas, além da inauguração da linha 6-laranja de metrô até 2025 e da extensão da linha 2-verde até a Penha, na zona leste.

O trecho norte do anel viário tem 44 km de extensão, entre as cidades de Arujá, Guarulhos e São Paulo. A obra ajudará a desafogar o trânsito na marginal Tietê. Ao todo, o Rodoanel terá cerca de 176 quilômetros de extensão.

Em março, o consórcio Via Appia Fundo de Investimento em Participação foi o vencedor para conclusão das obras do trecho norte e irá explorar o sistema viário por 31 anos. Segundo o edital, o investimento estimado será de R$ 3,4 bilhões ao longo desses anos.

Desse montante, cerca de R$ 2 bilhões devem ser destinados à conclusão das obras, com o restante usado na operação e manutenção da rodovia, que terá a supervisão da Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo).

A gestão Tarcísio atrasou em um mês a assinatura do contrato. O prazo inicial venceu no mês passado e houve uma prorrogação, mas o governo não explicou o motivo para o atraso.

Novo trecho terá cobrança por KM rodado

O governo estadual prometeu implantar o sistema "free flow" (fluxo livre) para cobrar pedágio dos motoristas no trecho norte do Rodoanel, que dez anos depois do início de suas obras ainda está em fase de conclusão.

O sistema é composto de uma câmera que faz leitura das placas e é capaz de identificar características como altura, dimensões e largura dos veículos, e se se trata de caminhões, carros ou moto, por exemplo. A cobrança é feita por quilômetro rodado.

A construção do trecho norte do Rodoanel foi iniciada em 2013 e está paralisada desde 2018. A obra foi orçada inicialmente em R$ 4,3 bilhões, mas, até 2019, já tinha consumido cerca de R$ 6,85 bilhões, tendo se tornado alvo de investigação por suspeitas de superfaturamento e corrupção.

As empreiteiras que integravam os consórcios, como Coesa (ex-OAS) e Mendes Júnior, foram fortemente atingidas financeiramente pela operação Lava Jato, entraram em recuperação judicial e foram declaradas como inidôneas pela União.

Em março, a Coesa chegou a apresentar um mandado de segurança para tentar suspender o leilão, mas teve o pedido negado pela Justiça. A incorporadora afirma que tem direito a indenização devida pelo estado por investimentos que realizou na obra.

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