Descrição de chapéu violência

Dois policiais trocam tiros em bar e morrem após perseguição na Bahia

Policial militar em folga presenciou abordagem de colega, que estava à paisana, e o confundiu com assaltante

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Salvador

Dois policiais militares trocaram tiros em um bar e morreram em meio a uma perseguição a dois suspeitos de assalto nesta quarta-feira (27) no bairro de Santa Mônica, periferia de Salvador.

O caso é mais um capítulo da crise na segurança pública na Bahia na gestão de Jerônimo Rodrigues (PT).

O primeiro policial estava trabalhando à paisana, sem uniforme, e o segundo estava de folga em um bar. Os nomes deles não foram divulgados.

Foto mostra fachada de bar
Bar onde houve troca de tiros entre policiais no bairro de Santa Mônica, periferia de Salvador - Repordução / TV Bahia

De acordo com a Polícia Militar, policiais monitoravam possíveis roubos a ônibus na região da avenida San Martin, quando perceberam o motorista de um carro em atitude classificada como suspeita.

Eles passaram a acompanhar o veículo à distância em um carro despadronizado, e solicitaram apoio de uma guarnição da polícia para abordar o veículo.

O carro suspeito colidiu no fundo de um ônibus e dois homens fugiram em diferentes direções. O motorista do veículo disse que trabalha com o transporte de passageiros por aplicativo e que havia sido vítima de assalto.

Os policiais perseguiram os dois suspeitos. Segundo a polícia, houve troca de tiros com um deles, que foi socorrido para o Hospital Ernesto Simões, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Os agentes que estavam na viatura foram informados da localização do outro suspeito e um dos policiais pegou um mototáxi para chegar mais rápido no local onde ele estaria.

O policial à paisana desceu em um bar na rua Astrogildo Sepúlveda e deu voz de prisão ao suspeito. Mas outro policial militar que estava no bar teria pensado que a abordagem era um assalto, sacou a arma e iniciou uma troca de tiros.

Os dois policiais militares e o suspeito foram atingidos pelos tiros. O militar que estava em serviço foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), passou por uma cirurgia e morreu.

O policial militar que estava de folga foi levado para o Ernesto Simões, mas também não resistiu aos ferimentos e morreu. O suspeito, que usava uma tornozeleira eletrônica, morreu no local.

A Polícia Militar informou que um inquérito será instaurado para apurar as circunstâncias das mortes. Em nota, lamentou a morte dos policiais e disse que está prestando apoio a seus familiares. A Polícia Civil investiga o caso e recolheu imagens de câmeras de segurança para ajudar na apuração.

De acordo com levantamento da ONG Fogo Cruzado, 28 agentes de forças de segurança foram baleados na região metropolitana de Salvador em 2023. Destes, 12 morreram.

CRISE NA SEGURANÇA

A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na gestão da segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial, com epicentro nas periferias das cidades, cujas famílias vivenciam a morte diária de uma legião de jovens negros e pobres.

Ao todo, 54 pessoas suspeitas de crimes foram mortas em ações policiais no mês de setembro. Nesta terça-feira, o governador afirmou em Brasília que as forças de segurança do estado vão manter a firmeza no combate à onda de violência, mas que ele não determinou que "trouxessem corpos".

"Nós somos firmes, firmes no sentido de realmente barrar o processo. Em momento algum eu determinei que trouxessem corpos, ou de criminosos ou de policiais ou de inocentes. Mas a firmeza nossa é a firmeza de ir lá, fazer operações. A inteligência trabalhou e tem trabalhado com uma capacidade intelectual muito forte", disse Jerônimo.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam a Bahia como o estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019. Em 2022, o estado conseguiu reduzir em 5,9% o número de ocorrências, fechando o ano com 6.659 assassinatos.

A Bahia foi, no ano passado, o estado com mais mortes decorrentes de intervenção policial, com 1.464 ocorrências —o que dá uma média de 28 casos por semana. Desde 2015, o número de mortes registradas como autos de resistência quadruplicou no estado.

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