Benjamin fazia, toda manhã, as entregas de pão e leite nas redondezas da estação ferroviária de Rancharia, no interior de São Paulo. Mais velho de cinco irmãos, ajudava a família a tocar a padaria, instalada na avenida D. Pedro 2º. Nascido em 1952, logo desenvolveu o talento para contas e negócios.
Foi daí que veio a vontade de tentar ganhar a vida na capital paulista com amigos. "Chegou com uma mão na frente e outra atrás, em 1973. Sempre bom de matemática, foi trabalhar num banco. Foi lá que conheceu minha mãe", diz a filha Roberta Valverde, 45.
Benjamin e Miriam Ribeiro da Silva se casaram em 1975, e o marido de uma irmã dela, professor de matemática, convidou o cunhado para trabalhar em uma escola pequena em Cidade Dutra, na zona sul de São Paulo, perto do Autódromo de Interlagos.
"Começou como um supletivo, ele entrou como sócio. Ele foi dando ideias, ampliaram para educação infantil e criaram uma escola de fato. Hoje ela tem 52 anos e 1.400 alunos", diz Roberta sobre o Colégio Einstein.
Interessado na comunidade do entorno, Benjamin entrou para a maçonaria na região e, daí, ajudou a fundar, em 1984, a Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos, conhecida pela sigla Sobei. "A sociedade ajuda hoje entre 8.000 e 9.000 crianças, e ele foi presidente lá por 20 anos." Também foi subprefeito de Santo Amaro na gestão Marta Suplicy em São Paulo.
Do primeiro casamento vieram quatro filhos, incluindo Roberta, e a parceria de vida com Miriam, falecida em 2014, que também se dedicou ao trabalho na sociedade. Enérgico e um líder nato, segundo a filha, dividia o tempo entre o trabalho, a pescaria e as reuniões de família e amigos na fazenda em Tapiraí, no interior paulista.
Eram eventos recheados de "comilança, bebelança e muita história", segundo a revista O Fato, que homenageou Benjamin com histórias da infância em Rancharia e da participação nos carnavais e em times de futebol.
Benjamin também foi presidente do Sindicado dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo. Durante a pandemia de Covid-19, defendeu a prioridade de vacina para professores, a reabertura de escolas e vouchers para ajudar famílias a manterem os filhos matriculados nas escolas. No ano passado, recebeu da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo a medalha Ordem do Mérito MMDC.
Um acidente em 2019 na fazenda, com fraturas, complicou a saúde de Benjamin nos últimos anos. Ele morreu em 25 de agosto, aos 71 anos, por falência de múltiplos órgãos. Deixa cinco filhos, o último deles do segundo casamento, com Fátima Ribeiro da Silva, e sete netos, que adorava. "Tinha um coração gigante", diz a filha Roberta.
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