Descrição de chapéu Obituário Nilza Passos Baleeiro (1930 - 2023)

Mortes: Foi feliz como avó e sabendo das coisas

Nilza Passos Baleeiro jurava não ter predileção por nenhum neto e compartilhar o amor igualmente com todos

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São Paulo

Ter sido avó jovem, aos 42 anos, garantiu a Nilza Passos Baleeiro viver praticamente a metade de sua vida exercendo as tarefas que mais amou: cuidar, criar e aproveitar os netos.

Com eles, viajou (ou "rodou", como dizia com seu sotaque baiano). Os destinos preferidos eram cidades do interior do Brasil, onde gostava de fazer comparações com Cruz das Almas (BA), sempre exaltando as vantagens da cidade do Recôncavo Baiano.

"Isso tem em Cruz", repetia. Mais do que expor o orgulho que sentia pela sua terra natal, a frase servia como um convite. O que queria mesmo é que todos estivessem com ela no seu lar, fosse como visita ou morando lá.

A senhora Nilza Passos Baleeiro sorrindo
Nilza Passos Baleeiro (1930-2023) - Reprodução

Falava com satisfação dos períodos em que netos viveram com ela, na sua casa. O prazer de ser avó a levou até a dar um drible nas contas. Teve sete netos, mas contabilizava a bisneta mais velha, que nasceu quando Nilza tinha pouco mais de sessenta anos, como a oitava.

Reunir todos na sala ou no seu quarto era o ápice. A bagunça humana com aglomeração e barulho de conversas lhe dava prazer. Nem as brigas que surgiam viravam problema. Ouvia as queixas sem discordar nem concordar e mantinha-se imparcial e alheia às disputas.

Dessas, a única que a afetava era a que envolvia as especulações sobre se havia uma neta ou um neto preferido. Jurava não ter predileção por nenhum e compartilhar o amor igualmente com todos. Dizia isso rindo com ar ao mesmo tempo sacana e fraternal. Na verdade, adorava essa disputa, uma massagem no ego de uma avó dedicada.

Aos que vinham até ela, recompensava com carinho, conversas e comidas. Isso não era exclusivo aos netos e parentes mais próximos. Todos convidados recebiam o mesmo tratamento. Insistia aos não baianos que provassem as comidas locais. Reclamava e fazia cara feia ao ouvir negativas.

Dos seus, sabia o que agradava a cada um, fosse quiabada, cozido, feijoada, moqueca ou sorvete caseiro. "Comeu tão pouco", comentava, independentemente do tamanho do prato ou da quantidade de repetições.

O que também gostava era de ouvir histórias. Seguia a máxima dita certa vez pela cantora Gal Costa: "não sou fofoqueira, mas gosto de saber". Os que vinham da rua precisavam contar as novidades para deixá-la feliz.

Assim, sabendo das coisas e alegre, Nilza viveu a maior parte dos seus 93 anos. Morreu em casa, em Salvador, deixando três filhas, sete netos e 11 bisnetos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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