Descrição de chapéu Obituário Sylvia Brant Piza de Lara (1921 - 2023)

Mortes: Usou fortuna para fazer feliz quem a rodeava

Sylvia Brant Piza de Lara morreu no último dia 3, aos 102 anos

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São Paulo

Um quadro se destacava no quarto de Sylvia e Theotônio Piza de Lara. A encomenda da pintura de Nossa Senhora foi uma das formas encontradas pelo empresário de materializar o sonho em que a santa antecipava sua absolvição no processo que investigava a morte de uma jovem e, também, de agradecê-la.

A outra maneira de demonstrar gratidão era frequentando as missas da igreja Imaculada Conceição, onde Sylvia e a mãe, a professora Regina Itapura de Miranda Brant de Carvalho, acompanhavam diariamente as celebrações. Foi lá que Sylvia e Theotônio se conheceram.

O namoro começou depois de Regina ler o processo e concordar que o pretendente era inocente e, em 1959, foi celebrado o casamento.

Sylvia Brant Piza de Lara em momento em família - Leitor

Quando Theotônio morreu, Sylvia partilhou a fortuna. Ela entregou uma parcela dos valores para a família do marido e aprendeu a administrar o restante, que incluía fazendas, imóveis e cavalos. "Ela acompanhava as corridas no Jockey Club, gostava de entregar o troféu", lembra o jurista José Renato Nalini.

Ele recorda com carinho a forma como Sylvia se desdobrava para apoiar e acompanhar os dez sobrinhos, entre os quais sua esposa, Maria Luiza. Foi a tia quem financiou a festa de casamento e a lua de mel na Argentina. Também foi ela quem viajou para Barretos (a 423 km da capital paulista) em 1977 para ajudar o casal, sem familiares na cidade, no nascimento do primeiro filho.

"Ela já havia levado minha esposa para acompanhá-la em uma viagem pelas ilhas gregas e permitiu que a Maria Luiza morasse na Inglaterra durante dois anos para fazer um curso", conta Nalini. "Ela foi extremamente generosa a vida inteira. Patrocinou viagens, casamentos, ajudava os sobrinhos a construir casa, dava apartamento."

Sylvia Brant Piza de Lara no aniversário de 101 anos, em junho de 2022 - Leitor

Sylvia promoveu muitas festas e, pelo menos uma vez por mês, reunia os sobrinhos para um jantar. Ela dominava as rodas de conversa com o conhecimento de quem viajou o mundo inteiro, recorda Nalini. "Era muito autêntica", elogia.

Sem medo de demonstrar suas opiniões, a empresária chegou a dar bronca em Paulo Egydio Martins, que governou São Paulo de 1975 a 1979, quando este foi de helicóptero a um leilão de cavalos, levantando nuvens de poeira.

Todos esses episódios foram lembrados no último dia 3, quando Sylvia faleceu, aos 102 anos, e permanecerão na memória de familiares e amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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