Seis pessoas morrem e 15 são presas em operação policial na Bahia nesta sexta (22)

Polícia Civil fala em resistência à prisão e diz que grupo investigado é responsável por mais de 30 homicídios; na quinta (21), outra ação deixou cinco mortos

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Salvador

Uma megaoperação da Policia Civil da Bahia, que contou também com colaboração de equipes de Polícia Militar, Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, resultou em seis mortes e 15 prisões na manhã desta sexta-feira (22).

Segundo a Polícia Civil, cinco das mortes ocorreram em Salvador, no bairro de Águas Claras, e uma em Feira de Santana —inicialmente, a corporação havia dito que todas as mortes ocorreram na capital baiana.

A polícia afirma que houve resistência à prisão. "Nas diligências, 15 homens e mulheres tiveram os mandados de prisão cumpridos e seis resistiram, foram socorridos para o hospital, mas não sobreviveram", diz, em nota.

A reportagem questionou se houve agentes feridos, mas não obteve resposta.

Policiais armados em frente ao portão de uma residência
Policiais em operação em Águas Claras, em Salvador, nesta sexta (22) - Haeckel Dias/Polícia Civil

De acordo com a delegada Fernanda Asfora, da Delegacia de Homicídios, o grupo que foi alvo da operação em Águas Claras era investigado desde 2017 por assassinatos.

"Já era um grupo monitorado e, diante do crescimento do número de homicídios no bairro de Águas Claras, a gente sentiu a necessidade de planejar uma operação contra esse grupo", disse a delegada, em entrevista coletiva.

Foram apreendidos dinheiro, armas e drogas durante o cumprimento de 15 mandados de prisão e 43 de busca e apreensão na chamada Operação Saigon. Os presos foram encaminhados para a sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), no bairro de Itapuã, em Salvador. A polícia não disse se os detidos já têm advogado.

"Esse grupo é responsável por mais de 30 homicídios. É uma operação resultante do trabalho investigativo de mais de um ano conduzidas por equipes do DHPP, que reuniram informações de campo e utilizaram análises de dados de Inteligência e técnicas investigativas modernas, reunindo elementos de prova contra a atuação dos criminosos e permitindo a representação por medidas cautelares de prisão e busca e apreensão contra integrantes da organização", disse a diretora do DHPP, delegada Andréa Ribeiro.

Diversas viaturas da polícia em rua de Salvador
Viaturas da polícia durante a operação em Salvador - Haeckel Dias/Polícia Civil

A operação desta sexta, segundo a polícia, não tem relação com a ação realizada no bairro de Valéria, no último dia 15, quando o policial federal Lucas Caribé Monteiro foi morto. Quatro pessoas apontadas como suspeitas pela polícia também foram mortas na ocasião, e outras cinco foram assassinadas nos dias seguintes em supostos confrontos.

"É uma operação que vem sendo planejada há um ano. É lógico que essa operação também ocorre dentro de um contexto de conflito entre facções criminosas", afirmou a delegada sobre a ação desta sexta.

Nesta quinta-feira (21), mais cinco pessoas morreram em outra ação com as polícias Civil, Militar e Federal no município de Simões Filho. Segundo a polícia, elas eram integrantes de facções e foram mortas após atirarem contra os agentes de segurança. Questionada também sobre o episódio, a corporação não informou se algum policial foi ferido.

Na ação de quinta foram apreendidos uma espingarda calibre 12, três pistolas 9 mm, um revólver calibre 38, uma granada, carregadores, munições, câmera, máquinas para cartões e drogas, entre outros itens.

A Bahia registra ao menos 30 mortos em ações policiais desde o início de setembro (sem contabilizar o policial federal). Além dos óbitos dos últimos dias, uma operação nos bairros do Calabar e Alto das Pombas, em Salvador, deixou 10 mortos no dia 5.

O estado enfrenta um de seus momentos mais graves na gestão da segurança, com o acirramento da guerra entre facções, chacinas e escalada da letalidade policial. As ações desta quinta e sexta evidenciam a crise enfrentada pelo governo Jerônimo Rodrigues (PT).

A Bahia é o estado com maior número absoluto de mortes violentas do Brasil desde 2019, apontam dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

AULAS SUSPENSAS

Nesta sexta, cerca de 2.000 alunos da rede municipal de ensino ficaram sem aula na região de Águas Claras.

De acordo com a Smed (Secretaria Municipal da Educação), em decorrência da sensação de insegurança no bairro, cinco escolas —Eduardo Campos, Cantinho das Crianças, São Damião, Iraci Fraga e Francisco Leite—, tiveram as atividades suspensas.

O transporte público também foi afetado na região, com alterações em itinerários. A Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade) afirma que os ônibus que operam nos bairros de Cajazeiras 7 e Águas Claras não estão seguindo até os finais de linha.

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