Descrição de chapéu violência ataque a escola

Após novo ataque, Derrite volta a pedir PMs nas escolas de SP

Secretário da Segurança Pública defende contratação de policiais da reserva para cargo de gestor escolar e não vê relação entre ataques e aumento da circulação de armas

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São Paulo

Após o segundo ataque a uma escola da capital neste ano, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, voltou a insistir na contratação de policiais militares da reserva para atuarem como gestores de segurança escolar.

Desta vez, o secretário afirmou que "o projeto está bem encaminhado" e "só precisa da assinatura do governador", Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Derrite falou com jornalistas nesta quarta-feira (25) após uma palestra no COP (Congresso de Operações Policiais), em São Paulo. O evento reuniu servidores das forças militares e empresas de armamentos.

De acordo com o secretário, há hoje 2.300 veteranos à disposição, que podem trabalhar como gestores escolares ou desempenhar função administrativa nos quartéis, permitindo aumento do efetivo de policiais para rondas.

Guilherme Derrite (à esq.), ao lado do deputado Coronel Telhada, defende PMs nas escolas - Zanone Fraissat - 16.out.2023/Folhapress

O secretário disse que teve nova conversa sobre a proposta com Tarcísio após o ataque na Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da capital, na última segunda (23). Um estudante de 16 anos abriu fogo contra colegas e baleou três alunas. A adolescente Giovanna Bezerra, 17, morreu no ataque.

"Ninguém está falando aqui de colocar um policial que vai ser um xerife na escola. Ele vai cuidar do programa de ronda escolar, das câmeras do [programa] Vizinhança Solidária, da integração com a educação", afirmou Derrite.

"Será que o que está sendo registrado na educação, o delegado de polícia, o capitão-comandante está recebendo? Esse veterano seria o responsável por isso, melhorando a integração e, claro, a presença de duas coisas que evitam que o crime aconteça", prosseguiu o secretário.

A quantidade de veteranos disponíveis, no entanto, está bem abaixo do número de unidades escolares da rede estadual. "É claro que o ideal seria [estar presente] nas 5.300 escolas, aí cabe uma análise técnica, financeira e orçamentária. Vai ser decidido por quem tem a competência para isso, que é o governador", acrescentou.

Nesta quarta, o Governo de São Paulo anunciou que irá contratar 1.000 seguranças privados (homens e mulheres) para atuarem dentro de unidades escolares de todo o estado —242 estarão na capital e região metropolitana. O serviço deve começar nesta sexta (27) e custará R$ 70 milhões por ano.

Aliado de Jair Bolsonaro (PL) e também filiado ao PL, Derrite afastou a hipótese de que os ataques nas escolas ocorram na esteira do aumento de armas em posse dos brasileiros.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho deste ano, o número de armas nas mãos de cidadãos comuns mais que dobrou ao longo da gestão Bolsonaro.

"O primeiro caso [na escola Thomazia Montoro] foi por arma branca, e o segundo foi uma arma que foi adquirida em 1994. Então, em vez de apontar algum culpado, querendo politizar o tema, o que nós estamos fazendo? Primeiro, desde o fatídico caso lá, um reforço no programa Ronda Escolar", afirmou Derrite sobre o caso ocorrido em 27 de março na escola da Vila Sônia (zona oeste), quando um aluno de 13 anos matou a professora Elisabeth Tenreiro, 71.

Antes, o secretário havia tocado no assunto durante sua palestra e feito uma defesa do governo Bolsonaro. Ao detalhar o resultado da Operação Escudo, no litoral paulista, Derrite disse que 119 armas ilegais foram apreendidas.

"Não é possível que em 2023 tem gente que ainda pense no discurso de que, 'olha, a culpa da criminalidade é que o presidente Bolsonaro flexibilizou [o armamento]'. Isso é uma coisa de quem é cego ou enviesado ou não sabe nada de segurança pública. Dessas 119 armas, nenhuma arma é do atirador, coronel ou secretário. Todas do mercado ilícito", afirmou Derrite.

Em 2022, a quantidade de armas entre cidadãos comuns com registro ativo no Sinarm (Sistema Nacional de Armas, da Polícia Federal) era de 803 mil, o que representa alta de 116% na comparação com 2019. Essa categoria detinha cerca de um terço do universo total de armas considerado pela pesquisa em 2019, mas agora o percentual alcançou 51%. O relatório não traz dados de 2018 referentes a armas.

Já o número total de armas com registro ativo no Sinarm chegou a 1,5 milhão em 2022, um crescimento de 47,5% em relação a 2019.

Outros casos de ataques a escolas foram registrados Brasil afora neste ano.

No dia 10 deste mês, um ex-aluno da Escola Profissional Dom Bosco, em Poços de Caldas (MG), matou a facadas um estudante de 14 anos morto e feriu outros três no colégio.

Em junho, na cidade de Cambé (PR), um ataque a tiros resultou na morte de um casal de alunos adolescentes.

Na manhã de 5 de abril, um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau (SC), e matou quatro crianças com idade entre 5 e 7 anos.

Ainda na palestra, Derrite chamou de aberração benefícios como saidinha temporária de presos, auxílio reclusão, visita íntima e progressão continuada. Também em sua fala, Derrite ainda criticou a imprensa e, citando frase de um ex-colega, disse que parte da mídia defende e, por isso, trabalha em prol do crime organizado.

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