Descrição de chapéu Rio de Janeiro violência

Médicos assassinados em quiosque no Rio são homenageados em congresso

Participantes fizeram um minuto de silêncio em respeito às vítimas que participariam do evento

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Rio de Janeiro

Por um minuto, o silêncio tomou conta do auditório do congresso internacional de ortopedia do qual participariam os quatro médicos que foram alvos de um ataque a tiros na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Os participantes do evento homenagearam as vítimas e suas famílias, nesta quinta-feira (5).

Marcos de Andrade Corsato, 62, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, e Perseu Ribeiro Almeida, 33, morreram no crime, que ocorreu durante a madrugada. Daniel Sonnewend Proença, 32, está internado com quadro de saúde estável. Ele foi transferido do Hospital Municipal Lourenço Jorge para o Hospital Samaritano Barra, na noite desta quinta.

Os quatro estavam na cidade para participar da sexta edição do Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo, que começou nesta quinta e vai até sábado (7). O evento acontece pela primeira vez no Brasil e reúne mais de 300 médicos do Brasil e de outros países.

Médicos aparecem em foto feita no quiosque no Rio de Janeiro
Médicos aparecem em foto feita no quiosque no Rio de Janeiro; polícia suspeita que Perseu Almeida (à direita) foi morto por ter sido confundido com um miliciano da zona oeste do Rio - Reprodução

Na lista de palestrantes, há profissionais de países como França, Reino Unido e EUA que tratam de procedimentos que possibilitam uma recuperação mais rápida ao paciente.

Durante a homenagem, um dos organizadores do evento chorou ao microfone. "Não há palavras que possam expressar a minha tristeza, o que eu sinto. Em meu nome, em nome do Mifas [sigla para Minimally Invasive Foot and Ankle Society], em nome da Sociedade Brasileira de Cirurgia no Pé. Gostaríamos de transmitir nossas condolências às famílias e amigos", disse.

A ABTPé (Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia de Tornozelo e Pé) afirmou, em nota publicada em seu site, que expressava "carinho, profunda admiração pelos associados, profissionais dedicados que estavam no congresso para compartilhar suas técnicas".

Uma das vítimas trabalhava no Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas da USP. Marcos de Andrade Corsato era médico assistente do grupo de tornozelo e pé da instituição. Os residentes Diego Ralf de Souza Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida já tinham feito especialização ali.

"O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP recebeu com consternação a notícia do falecimento de Marcos de Andrade Corsato, médico assistente dedicado e atuante do grupo de Tornozelo e Pé da instituição, bem como dos ex-residentes Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida. O IOT- HCFMUSP estende as condolências aos familiares e amigos", divulgou em nota.

Formado em medicina pela USP em 1984, Corsato foi professor dos médicos Bomfim e Almeida e também pertencia ao corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Em nota, o Sírio-Libanês disse que recebeu a notícia com "profunda tristeza". "[Era um] membro valoroso e dedicado do nosso corpo clínico e com uma passagem de nove anos pelo nosso pronto-atendimento. Sua partida repentina deixa um vazio imensurável em nossa instituição e na comunidade médica como um todo."

O CRIME

O crime aconteceu por volta da 1h, em frente ao Windsor Hotel, área nobre do bairro. Toda a ação durou exatos 27 segundos e foi registrada por câmeras de segurança.

No vídeo, os quatro médicos aparecem sentados em uma mesa do quiosque quando três homens, vestidos com roupas pretas, desceram de um carro branco parado do outro lado da via e começaram a atirar no grupo.

Após balearem os quatro ocupantes da mesa, os criminosos voltaram correndo para o veículo e foram embora sem roubar nada.

As imagens mostram também que outros clientes do quiosque testemunharam o ataque e saíram correndo para não serem feridos.

Uma testemunha que estava no quiosque e prestou depoimento afirmou que não houve anúncio de assalto antes dos disparos.

Os celulares dos médicos foram apreendidos e irão passar por perícia. Não foi divulgado se algum deles tinha sofrido alguma ameaça. Os policiais não descartam a possibilidade deles terem sido mortos por engano.

Policiais fazem perícia no local onde médicos foram assassinados no Rio de Janeiro - Reprodução/TV Globo

O ministro da Justiça, Flávio Dino, classificou como "execução" o assassinato e diz que determinou que a Polícia Federal acompanhe as investigações, considerando que um deles era ligado a dois deputados federais.

Diego Ralf de Souza Bomfim, é irmão da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e também cunhado de Glauber Braga (PSOL-RJ) — que é casado com Sâmia. Ambos parlamentares são do PSOL, partido da vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros no Rio em 2018. O partido divulgou comunicado em que cobra apuração "rigorosa e eficiente" do caso.

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), postou em suas redes sociais que determinou o emprego de todos os recursos pela Polícia Civil do estado para a descoberta a autoria do crime.

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