Descrição de chapéu Obituário Agleildes Arichele Leal de Queirós (1977 - 2023)

Mortes: Com energia e coragem, lutou por uma saúde de qualidade a todos

Liu Leal se engajou em diferentes frentes na formulação e implementação de políticas públicas no país

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São Paulo

Quando ainda cursava a graduação de fisioterapia, Liu Leal assumiu um papel de liderança na luta por uma saúde de qualidade a todos. Não satisfeita em apenas engajar os colegas de curso da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), rodou diversos cantos do país no início dos anos 2000 para construir a Executiva Nacional de Estudantes de Fisioterapia.

Liu se apresentava como "sertaneja de Pernambuco, fisioterapeuta de formação e militante de coração pelo direito à saúde". E, como militante, se dedicou a diversas lutas no país.

"A marca dela era essa, de uma pessoa que brigava o tempo todo por aquilo que acreditava. E era muito persistente, mas também muito afetiva. O que pode parecer contraditório, mas nela formava uma combinação incrível", diz Lívia Milena Mello, amiga e colega de profissão.

Liu Leal lutou por uma saúde de qualidade a todos
Liu Leal lutou por uma saúde de qualidade a todos - Arquivo pessoal

Natural do Crato, no Ceará, Liu mudou muito cedo para Moreirândia, no sertão pernambucano, de onde saiu apenas para estudar.

Depois de se formar em fisioterapia, fez mestrado e doutorado em saúde pública e se engajou em diferentes frentes na formulação e implementação de políticas públicas no país. Sua atuação na área foi das mais diversas: foi gestora, pesquisadora, conselheira do Conselho Nacional de Saúde e integrante do Cebes (Centro Brasileiro de Estudos da Saúde).

Atuou ativamente no Ministério da Saúde durante a implementação do programa Mais Médicos, se dedicou à pesquisa durante a epidemia do zika vírus e deu voz à valorização profissional dos agentes comunitários de saúde, causa que escolheu para dedicar seus estudos durante o doutorado.

"Ela andou o Brasil afora convencendo as pessoas a se juntarem na luta pelo direito à saúde. Não só no Brasil, mas em vários países da América Latina. Onde ela chegava, se tornava uma liderança, porque ela não se furtava de usar a palavra para defender o que acreditava", conta Lívia.

Há quatro anos, Liu mostrou aos familiares e amigos um outro lado bonito de sua vida: a maternidade. "Enquanto mãe, mãe de Nina, eu conheci uma outra Liu. Uma mulher que sempre quis ser mãe e acreditava na ideia da família ampliada. Ela sempre teve a percepção de que família se constrói, que é feita de escolhas de afeto."

Nos últimos dois anos, enfrentou um câncer de mama e morreu no último em 4 de outubro —coincidentemente, na data na qual se comemora o dia dos agentes comunitários de saúde, profissionais que tanto defendeu ao longo de sua trajetória profissional.

"Foi uma guerreira, uma inspiração, como militante, profissional, amiga e irmã. Foi um privilégio ter convivido e aprendido com ela na vida pessoal e política", diz Lívia.

Aos 46 anos, Agleildes Arichele Leal de Queirós, conhecida por todos como Liu Leal, deixa o marido e a filha, Nina, de 4 anos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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