Era difícil para estudantes e pesquisadores buscarem informações econômicas sobre o passado de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) sem recorrer em algum momento a ele.
Mas, mais ainda do que ter dados e analisar a conjuntura econômica do momento, Antônio Vicente Golfeto, 80, pensava Ribeirão Preto diariamente, tanto que a Acirp (associação comercial e industrial) o qualificou como um dos mais importantes intelectuais de seu tempo.
"Informação passa, conhecimento fica", costumava dizer Golfeto, em conversas em que invariavelmente terminavam com uma gargalhada, ainda que fosse para reclamar da situação do seu Corinthians.
Golfeto se formou em direito na segunda turma da Associação de Ensino de Ribeirão Preto, hoje Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto), em 1966, um ano após ter ingressado na Acirp.
Na associação, criou o Instituto de Economia Maurilio Biagi, era o funcionário mais antigo da instituição e um fervoroso defensor do comércio no centro de Ribeirão, região em que morava, trabalhava e que qualificava como um autêntico shopping a céu aberto.
"É uma grande perda não só para a Acirp, mas para Ribeirão e região. Golfeto fez análises brilhantes sobre a economia regional e era um membro único da nossa instituição, do mundo acadêmico e da sociedade", disse Sandra Brandani, presidente da associação.
Três semanas atrás, quando ele já estava internado, ela publicou um vídeo em suas redes sociais pedindo que as pessoas orassem pela saúde de Golfeto.
Foi, também, professor universitário em instituições da cidade, para onde se deslocava dirigindo seu Fusca de estimação. Vereador em Ribeirão por quatro mandatos, o último deles entre 1983 e 1988, dizia que nunca mais voltaria à política, e não voltou.
O prefeito de Ribeirão, Duarte Nogueira (PSDB), decretou luto de três dias pela morte.
"Golfeto era uma referência, reconhecido por suas análises afiadas que abrangiam não apenas números, mas também a história e a política da nossa cidade [...] Será lembrado não apenas por sua expertise acadêmica, mas também pelas reflexões que deixou", disse o prefeito.
Golfeto estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Unimed havia 36 dias. O quadro clínico se agravou nas últimas semanas, até que ele morreu no fim da noite deste domingo (8). A causa da morte não foi divulgada.
O corpo foi velado nesta segunda (9) na Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto, que frequentou em toda a sua vida, e enterrado no Cemitério da Saudade.
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