Descrição de chapéu Obituário Rubens Iorio Junior (1952 - 2023)

Mortes: Pai e avô onipresente, foi corintiano fanático

Rubens Iorio Junior cuidou de filhos e netos e virou figurinha carimbada em shows

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Os jogos do Corinthians eram obrigação para Rubens, que fazia questão de levar os três filhos. Numa final de campeonato, porém, a trupe foi traída por um cambista. Sócio-torcedor, o pai havia comprado dois ingressos, limite permitido por pessoa, e precisou achar outros dois na porta do estádio.

"Os ingressos eram falsificados", lembra a jornalista Roberta Martinelli, 41, integrante do grupo de decepcionados, que era formado também pelos irmãos Guilherme Martinelli e Rodrigo Iorio. "Meu pai ficou desesperado, começou a chorar na frente do Pacaembu porque não ia dar para vermos o Corinthians."

Daí começou uma busca na porta do estádio para tentar resolver a situação. Apareceu um torcedor disposto a ajudar, mas que saiu correndo após o aviso. "Eu disse 'olha, se não forem de verdade, vai ser muito triste'. Meu pai foi pagar e ele saiu correndo." O grupo conseguiu mais um ingresso, e Roberta engoliu o sapo pelo time e voltou para casa.

rubens é idoso, calvo, barba branca, à esquerda está roberta, branca, cabelo castanho, sorri para foto, à direita de rubens está guilherme, branco, cabelo castanho, de pé, entre o pai e Rodrigo, branco de cabelo castanho, usa jaqueta sobre camiseta laranja
Rubens Iorio Junior (1952-2023) ao centro, e os filhos Roberta Martinelli (à esq.), Guilherme Martinelli e Rodrigo Iorio (à dir.) - Arquivo pessoal

Em uma ocasião mais feliz, os filhos conseguiram um ingresso para um dos jogos da Copa do Mundo de 2014, no Rio de Janeiro. Foram todos de ônibus, chegaram na manhã da partida e deixaram Rubens no estádio. Enquanto esperavam em um botequim próximo, recebiam fotos dos lances e dos chopes.

Nascido e criado na Bela Vista, bairro na região central de São Paulo, Rubens Iorio Junior era de uma família italiana de novelas, segundo a filha. "É aquele que falava o italiano da [TV] Globo, tipo a 'macarronada, tem que estar no ponto', esse é meu pai", diz Roberta, acentuando os erres.

O trabalho de Rubens foi no ramo da família, de impressões e gráficas. Era fanático pelo Corinthians e onipresente na vida dos filhos. "Minha mãe é fonoaudióloga e viajava muito, então era ele quem buscava na escola, organizava tudo, fazia ser divertido. Estão separados há 20 anos, mas têm uma boa relação."

Distante do mundo da arte, foi atraído pelo trabalho da filha no rádio e na televisão, e virou frequentador assíduo de shows, e gravações, sendo reconhecido por artistas e equipes de produção. Antes disso, a memória mais "musical" é da interpretação da música "Um dia de domingo". "Eu fazia a Gal Costa, e ele, o Tim Maia", afirma a jornalista.

Assim como foi pai, era um avô presente o tempo todo na vida dos netos, convivência intacta inclusive durante o tratamento de um câncer ocular, que evoluiu para metástase no fígado. "Durante uma visita ao hospital, a Rosa, minha filha, fez a cama de tobogã", diz Roberta. "Tenho um vídeo dos dois morrendo de rir enquanto retiravam a cama quebrada do quarto."

Rubens morreu em 23 de outubro, aos 71 anos, em São Paulo. Deixa três filhos e os netos Rosa, Joaquim, Manuela e Fernando.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.