Descrição de chapéu Obituário Rosi Caires (1967 - 2023)

Mortes: Ela se reinventou para realizar sonho de ser fotógrafa

Rosi Caires era apaixonada pelas artes e defendia o direito das mulheres

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São Paulo

A fotógrafa Rosi Caires não segurava as lágrimas quando trabalhava em celebrações como aniversários e casamentos. Ela não gostava de fotos posadas, e sempre preferiu captar a espontaneidade dos noivos e convidados.

Com a câmera de prontidão, a filha Tamires, 29, segue os passos e ensinamentos da mãe desde cedo, quando começou como assistente de fotografia da mãe. "Hoje, vamos contar mais uma história de amor", recorda Tamires sobre a conversa com Rosi ao saírem de casa.

Quando iam trabalhar em alguma festa, mãe e filha se olhavam e trocavam lágrimas às vezes. "Ela sempre se envolvia muito, não dizia que aquilo era somente um trabalho. Fotografava o casamento e, depois, as crianças daquela união", afirma Tamires.

Rosi Caires (1967 - 2023)
Rosi Caires (1967 - 2023) - Arquivo pessoal

Formada em artes plásticas, o caminho até a fotografia profissional teve percalços. Rosi só começou a trilhá-lo por volta dos 35 anos, pouco depois de ficar viúva. Acabou trabalhando por quase 20 anos na nova área.

Antes disso, ela trabalhou como recepcionista, até o dia em que a sua chefe pediu para escolher entre "crescer na empresa" ou ser fotógrafa. Rosi pediu demissão e foi atrás da nova carreira.

Naquele início dos anos 2000, o mercado de fotografia no interior paulista era dominado por homens. Daí, dois ensinamentos às filhas: o de brigar pelo direito das mulheres e o de admirar a arte.

"Foi uma pessoa autêntica, fazia o que acreditava. Um ensinamento que ela me deixou é o de parar e observar os detalhes. Não ficar presa na correria do dia a dia, mas ver o pôr do sol", recorda a também filha Tatiane, 38.

Rosi também cedeu fotografias para ilustrar livros e organizou exposições, sobretudo com retratos de criança e natureza. "Viveu um sonho, e que deu supercerto", diz Tamires.

O ritmo de cliques caiu freneticamente com as restrições da pandemia de Covid, quando as casas culturais e os bufês fecharam. Rosi se reinventou. Com o tempo livre, estudou e passou em dois concursos públicos para dar aulas de artes em São José do Rio Preto e na cidade vizinha de Bady Bassitt.

"Outro ensinamento, de que nunca é tarde para nada. Virou fotógrafa com quase 40 anos. Depois fez faculdade, passou no concurso com mais de 50 anos. Foi um grande desafio lecionar numa área onde não tinha trabalhado", completa Tatiane.

Rosi morreu aos 55 anos, no dia 29 de setembro, em São José do Rio Preto (440 km de SP) após sofrer com AVC isquêmico. Deixa os filhos Tatiane, Tamires e Gabriel, 29, além da neta Cecília, 7. E, claro, momentos eternizados nos álbuns e retratos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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