Descrição de chapéu Sexo

Praças usadas para sexo em público têm árvores podadas e retiradas pela Prefeitura de São Paulo

Aureliano Leite e Marechal Bittencourt, na zona oeste, fazem parte de rota de 'dogging' na cidade; gestão diz que reforma é para deixar ambiente mais agradável para moradores

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Árvore derrubada na praça Marechal Bittencourt, na zona oeste de São Paulo Danilo Verpa/ Folhapress

São Paulo

As praças Aureliano Leite e Marechal Bittencourt, na Água Branca, zona oeste de São Paulo, tiveram suas maiores árvores retiradas ou podadas pela prefeitura durante o final da última semana. O trabalho seria usual não fosse o público frequentador: adeptos do "dogging", nome em inglês da prática de sexo ao ar livre.

Durante a noite, os endereços separados apenas pela rua Renata Crespi costumam ser rodeados por carros e motos. Deles, descem seres ávidos por compartilhar seus corpos —e também os dos cônjuges. Vídeos pornográficos lá gravados acumulam audiência nas redes sociais.

Agora, usuários relatam temor de comparecer às praças sem a proteção de troncos e copas. Mas nem todos. Nesta segunda-feira (2), a reportagem da Folha flagrou um homem se masturbando à luz do dia na área.

Vista aérea da praça Marechal Bittencourt, na zona oeste de São Paulo - Danilo Verpa/ Folhapress

Em nota, a gestão Ricardo Nunes (MDB) diz ter revitalizado a Aureliano Leite. "A reforma constituiu na pintura dos canteiros, das guias, bancos, mesas, poda das árvores e corte de mato da área ajardinada, deixando assim o ambiente agradável para os moradores da região", informa o texto.

Já a Marechal Bittencourt passa por manejo arbóreo para implementação de campo de futebol com grama sintética, banheiros e espaço de lazer. Tudo com aval da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo, segundo o governo municipal.

Sandra Oliveira, 43, afirma duvidar da explicação do poder público. Comerciante de água em uma das esquinas da praça Aureliano leite, ela diz ter certeza de que os cortes só ocorreram para afastar esses visitantes. "É triste, eu vendia muito para essa turma. Estavam sempre com sede", conta aos risos.

Há uma rota conhecida para sexo ao ar livre na capital. Parques, ruas e avenidas fazem parte do itinerário, como mostrou reportagem da Folha. O Mirante da Lapa, também na zona oeste, é um dos pontos. Moradores do entorno reclamam com constância das cenas e, mensalmente, denúncias são encaminhadas à prefeitura.

A 7 km, outro endereço refugia adeptos do "dogging": a rua Curitiba, no Paraíso, zona sul da cidade. Lá, cônjuges dividem espaço com michês e seus clientes. O movimento começa por volta da meia-noite.

Próximo dali, o parque Ibirapuera é outra alternativa. Indivíduos buscam possíveis parceiros por toda a sua extensão. Segundo um visitante assíduo, basta ficar atento aos sinais, como uma piscadela ou um assobio.

Camisinhas no solo da praça Marechal Bittencourt, na zona oeste de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Já na zona leste, uma trilha faz as vezes de motel naturalista. Ela está encravada no Parque Ecológico do Tietê —gerido pelo governo do estado—, próxima à estação Engenheiro Goulart da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Segundo o artigo 233 do Código Penal, praticar sexo em local público é crime de menor potencial ofensivo. A pena prevista vai de três meses a um ano de reclusão ou multa. As autuações, afirma a SSP (Secretaria da Segurança Pública), podem ser efetuadas somente em flagrante. Vídeos, portanto, não valem como provas.

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