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Brasileiro enfrenta fila de 3 horas em busca de descontos da Black Friday no Paraguai

Cerca de 40 mil pessoas circularam em Ciudad del Este neste feriado; turistas relataram demora também nas lojas, para comprar e retirar produtos

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Denise Paro
Ciudad del Este (Paraguai)

Os brasileiros enfrentaram uma fila de até quatro quilômetros para cruzar a Ponte da Amizade, fronteira com o Paraguai, no primeiro dia da Black Friday, nesta quarta-feira (15). O cálculo, da Polícia Rodoviária Federal, considera a extensão da ponte até a entrada no país vizinho.

O tempo de espera na fila variava de duas a três horas nos horários de pico, acima da média diária de 40 minutos a uma hora.

De olho nos turistas que visitam Foz do Iguaçu, os comerciantes iniciaram a megapromoção em pleno feriado o que causou congestionamento no trânsito e levou muita gente a madrugar na porta de lojas. A Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad de Este calcula que cerca de 40 mil pessoas circularam na cidade neste feriado.

fila de carros em rodovia
Movimento na BR-277, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, no feriado de 15 de novembro - Reprodução/RPC

Quem optou por ir ao Paraguai de carro teve que ter muita paciência. Por alguns momentos, motoristas faziam buzinaço para apressar a fila de retorno para Foz do Iguaçu que passava de dois quilômetros no final da tarde.

Nem mesmo o dólar em alta afugentou os consumidores. Para atrair os turistas, algumas lojas garantiram cotação mais em conta, cujo valor é de R$ 4,99 (no pix) ou R$ 5 a R$ 5,04 no dinheiro.

Apesar de parecer vantajoso, o pagamento no pix pode ter acréscimo de taxas. Em uma das lojas, o valor cobrado é de 3%. A operação via pix é feita da mesma forma que no Brasil, bastando o consumidor se identificar com apresentação de documentos.

Além da promessa de desconto de 30% a 70%, os comerciantes oferecem outros atrativos como sorteios, wi-fi nas ruas e calçadão exclusivo para pedestres.

Apesar dos preços em conta, é preciso estar atento para a cota de compras que é de US$ 500. Quem adquire produtos acima desse valor deve pagar imposto de 50% sobre o excedente.

O agricultor Ronaldo Bunizaro, 34, de Céu Azul (90 km de Foz do Iguaçu), comprou um IPhone e duas TVs em Cuidad del Este - Denise Paro/Folhapress

Filas por todo lado

Em algumas lojas, os turistas também precisaram enfrentar filas, não só para comprar, mas também para pagar e retirar os produtos.

Morador do município de Céu Azul, a 90 quilômetros de Foz do Iguaçu, o agricultor Ronaldo Bunizaro, 34, adquiriu Iphone e dois aparelhos de televisão, mas teve transtornos de sobra.

Ele passou pela fronteira às 5h, a pé, levou uma hora para pagar as mercadorias e três horas para retirar. Apesar de ter ficado satisfeito com os preços, não saiu tão contente. "Pelo transtorno, não compensa", diz. Ronaldo pagou US$ 258,00, cerca de R$ 1.300,00, em um smart TV de 50 polegadas.

Turistas de São Paulo, Cristiane Nunes, 51 anos, e Relson Alves, 37 anos, avaliam que valeu a pena o esforço de ir ao Paraguai. Relson pagou R$ 799,00 em um celular A 24 da marca Sansung que diz custar R$ 1.600 no Brasil e Cristiane comprou uma máquina de costura por R$ 579,00, cujo preço no Brasil é R$ 1.300 a R$ 2.000.

Apesar disso, eles criticaram a lotação das lojas e o wi-fi de rua, que não funcionou bem. "Liberam no começou, depois não pegou mais", conta Cristiane.

Com tanta procura, algumas mercadorias se esgotaram no primeiro dia. No Atacado Games, Tvs e Playstation 05 foram alguns produtos que acabaram, diz a gerente de vendas, Elaine Ribeiro. Ela diz que a demanda superou expectativas.

Para o CEO do grupo Cell Motions S.A, Jorbel Griebeler, o movimento no primeiro dia superou as expectativas com cerca de 40% a mais do esperado.

Ele estima que cerca de 100 mil pessoas devem circular na loja durante a promoção, que segue até este sábado, 18. Para esta edição, o empresário contratou 100 funcionários temporários a fim de atender a demanda.

Relson Alves, 37, pagou R$ 799 em um celular A 24 da marca Sansung que diz custar R$ 1.600 no Brasil - Denise Paro/Folhapress

Conforme Griebeler, todos os itens da loja foram colocados em promoção, exceto produtos de grande demanda como Iphone, Xiaomi e JBL que têm margem de desconto baixa. Mesmo assim, o consumidor aproveita a viagem e acaba comprando porque o preço é mais em conta que no Brasil, afirma.

A Black Friday traz ânimo e alívio para o combalido comércio de Ciudad del Este, que perdeu cerca de 30 mil funcionários na pandemia e viu o fechamento de lojas. "Fomos muito afetados pela pandemia e estamos em via de recuperação", diz o presidente da Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este, Said Taigen.

Coordenador desta edição da Black Friday, Armando Ghazaoui conta que a expectativa é movimentar mais de US$ 300 mil, superando a marca de U$ 260 mil do ano passado. A vantagem de comprar em Ciudad del Este, afirma Ghazaoui, é a variedade de produtos ofertadas, incluindo os fabricados na China que hoje não são encontrados em qualquer mercado.

Das cerca de 2.500 lojas instaladas atualmente em Ciudad del Este, apenas 80 participam da Black Friday, a maior parte lojas voltadas ao turista. A seleção é feita a partir de critérios da Câmara de Comércio, entre eles, a confiabilidade dos produtos e do estabelecimento.

Nesta edição, a polícia está em peso nas ruas para evitar os frequentes golpes comuns por parte de algumas lojas. Agentes da polícia turística e polícia nacional dão segurança aos turistas, enquanto fiscais da defesa do consumidor atendem reclamações diretamente nas ruas.

Na quarta-feira, foram registradas seis queixas de consumidores, a maior parte relativa a pagamento via pix, diz o chefe do setor, Osvaldo Aquino. O cliente compra o produto, faz a transferência via pix, porém na hora de entregar a compra a loja alega que não há mais estoque e oferece a ele outra mercadoria.

Outra reclamação comum é em relação ao valor dos estacionamentos. Alguns cobram US$ 30 por hora, o que é ilegal, explicam os fiscais. O valor permitido é no máximo U$ 1 por hora.

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