O jornalista Alec Duarte, 54, era corintiano fanático, poliglota, aficionado da história latino-americana, viajante assíduo e compositor informal de jingles políticos. Notabilizava-se pela perspicácia e pelo uso de palavras singulares, algumas inventadas, criando o que amigos batizaram do dialeto "alequês".
Alec e sua irmã, Adriane, nasceram em Porto Alegre na década de 1960, período em que o pai havia sido transferido para trabalhar na capital gaúcha. A maior parte da infância, porém, a família viveu em São Paulo.
Apaixonado por esportes, passou parte importante da vida na cobertura esportiva. Formou-se em comunicação social na Fiam (Faculdades Integradas Alcântara Machado) e simultaneamente era repórter esportivo na Folha da Tarde.
Pouco depois foi contratado pelo Diário do Grande ABC. Foi onde conheceu a futura esposa, a jornalista Eulina Oliveira, aos 22 anos. Tocava violão, tinha uma voz grave e um jeito brincalhão. Oliveira dizia que, com a voz, ele ainda se tornaria narrador esportivo.
Alec seguiu por outro caminho. Editou cadernos de vários veículos de circulação nacional: Gazeta Esportiva, O Estado de S. Paulo, Terra, G1 e a própria Folha, na qual ocupou cargos de editor-assistente de Esporte e editor-adjunto de Política.
As viagens a trabalho o fizeram conhecer boa parte da América Latina, e o restante ele visitou por conta própria. Era fluente em espanhol, que aprendeu sozinho durante os meses que morou no Chile durante a juventude. Na Argentina, segundo a esposa, passava-se facilmente por um porteño com sotaque impecável.
No início da década de 2000, foi um dos pioneiros na cobertura esportiva digital, em uma agência que transmitia resultados esportivos online e por SMS. Tornou-se um estudioso da comunicação na internet, e de profissional da imprensa virou professor, ministrando cursos e palestras sobre o tema.
Esse mesmo caminho o levou a chefiar a estratégia digital da FSB Comunicação —maior agência do país—, da Prefeitura de São Paulo, e do clube que era sua grande paixão. Alec ia à Neo Química Arena para torcer pelo Corinthians sempre que podia.
Também trabalhou no marketing de campanhas políticas, função na qual a habilidade com o violão lhe foi útil. Divertia-se pensando em jingles para os candidatos que assessorava. Membro do Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político, foi um dos observadores internacionais nas eleições no Paraguai em abril deste ano, a convite da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Ele morreu nesta sexta-feira (3) após complicações de uma cirurgia, em que houve uma infecção generalizada. Deixa a esposa e o filho, Alec, 17. O velório será às 10h deste sábado (4) em São Caetano do Sul.
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