Descrição de chapéu Obituário Cláudio Soares (1958 - 2023)

Mortes: Jornalista, dedicou sua vida à militância

Cláudio Soares aliou comprometimento, respeito e amor por histórias

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Curitiba

"Era um pai muito amoroso, muito sorridente e alegre, mesmo que, em sua vida pública e de trabalho, se dedicasse a questões difíceis: a luta dos trabalhadores e a desigualdade social", diz Marina Soares.

Marina é filha do jornalista Cláudio Soares, diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo. A militância política e sindical dele teve início na Escola de Comunicações e Artes da USP, durante a ditadura, quando integrou a corrente estudantil Liberdade e Luta e a Organização Socialista Internacionalista, corrente trotskista que participou da fundação do Partido dos Trabalhadores.

"Dedicou sua vida à militância e à atuação política com um comprometimento enorme, caracterizado por grande resiliência e gentileza, capacidade de escuta e respeito em todos os momentos, inclusive os mais hostis", conta a esposa, Simone Rodrigues.

Cláudio Soares (1958 - 2023)
Cláudio Soares (1958 - 2023) - Arquivo pessoal

O jornalista morou no Rio de Janeiro, em Paris e em São Paulo, onde atuou por duas décadas na Redação do Diário Oficial. Também foi colaborador do Almanaque Abril e revisor do jornal O Estado de S. Paulo.

"Cláudio foi o redator da reforma estatutária do sindicato", lembra o amigo Paulo Zocchi. "Ele adorava o contato nas Redações, com os jornalistas, chamando-os para se agruparem coletivamente, para melhoria das condições de trabalho."

Paulistano, Cláudio era o mais velho entre dez irmãos. Referência dentro da família, editou o livro de sua mãe a respeito da alegria de viver aos 90 anos.

"Ele contava muitas histórias com sua fala calma e adorava humor, piadas", recorda Simone. "O Cláudio me apresentou um olhar mais bonito para as coisas do mundo."

Na biblioteca de Vila Formosa, na zona leste paulistana, ele descobriu Monteiro Lobato e Tom Sawyer. Desde menino, interessava-se pelas artes, pela informação e pelo novo. As aventuras literárias o inspiravam.

Cursou letras e adorava conversar sobre línguas antigas e etimologias. Mantinha uma grande biblioteca, com filmes, recortes de jornais e posts de internet, tudo muito bem organizado.

Falava baixo e nunca dizia palavrões. "A primeira vez que o ouvi levantar a voz foi numa reunião política", diz a filha, que guarda desde a infância um postal que ganhou do pai. "Tinha uma imagem de Lênin e Trotsky com os dizeres ‘sonhos, acredite neles’."

Cláudio morreu em 27 de outubro, de infarto. Deixa mãe, esposa, filha, dois enteados, nove irmãos, quatro sobrinhos e o jornalismo sindical de luto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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