Descrição de chapéu violência

Quem é Tio Patinhas, líder de facção casado com mulher recebida no Ministério da Justiça

Luciane Barbosa Farias se reuniu no primeiro semestre com membros da pasta comandada por Flávio Dino

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Brasília

Preso desde dezembro do ano passado, Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, é acusado de ser um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho no Amazonas. Ele foi condenado a 31 anos e sete meses de prisão por associação para o tráfico, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Na última semana, sua esposa, Luciane Barbosa Farias, foi a Brasília para participar do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, realizado pelo ministério dos Direitos Humanos. Antes, no primeiro semestre, ela se reuniu com membros do Ministério da Justiça.

A prisão em dezembro de 2022 não foi a primeira de Tio Patinhas. Em junho de 2018, após um mandado de prisão ser expedido contra ele, policiais o localizaram em Jaboatão dos Guararapes (PE), vivendo em apartamento cujo valor à época era de R$ 500 mil.

Retrato de homem com metralhadora
Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, posa ao lado de metralhadora - Reprodução/UOL

Em 2018, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas apontou Tio Patinhas como líder da facção e com ligação a diversos homicídios em Manaus.

No Nordeste, ele havia aberto uma empresa de transporte de caminhões baús e investido em uma loja de confecções para a esposa.

Segundo a pasta, antes de chegar a Pernambuco, Tio Patinhas havia saído de Manaus em um barco com destino ao Pará, de onde seguiu para o Maranhão e depois para Jaboatão.

Retrato de homem
Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas - Reprodução/UOL

À época, a prisão de Tio Patinhas foi tratada como uma operação de sucesso pelas autoridades do Amazonas. O secretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública na ocasião, Herbert Lopes, disse que a detenção ia ajudar a elucidar casos de homicídios decorrentes das disputas entre facções por domínios de território.

"Acreditamos que muitos crimes de execução e tráfico serão esclarecidos e chegaremos aos líderes do tráfico interestadual. Nos interrogatórios, esperamos chegar a definir a autoria dos crimes, saber quem participou, quem ordenou", afirmou Lopes à época.

Em janeiro de 2022, uma juíza determinou a soltura de Tio Patinhas e a restituição de bens apreendidos pela polícia.

Um desembargador, porém, determinou que ele fosse preso novamente.

"Observo que a prisão preventiva é a medida adequada ao presente caso, haja vista a necessidade de garantir a ordem pública, de acautelar o meio social e, ainda, de assegurar a credibilidade da Justiça, em virtude do poder que o réu exerce dentro de uma facção criminosa que comanda o tráfico de drogas na região Norte, assim como, para garantir a aplicação da lei penal, em razão da iminente possibilidade de fuga, dado o elevado poder econômico do acusado", diz um trecho da decisão do desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos.

Segundo ele, "não se trata de um mero soldado do tráfico e, sim, de um dos líderes de uma facção criminosa, com poder econômico, e que movimenta o comércio de entorpecentes no território amazonense". Tio Patinhas foi preso apenas em dezembro.

Sua mulher foi recebida neste ano por membros do Ministério da Justiça e Segurança Pública, pasta comandada por Flávio Dino. A informação foi revelada inicialmente pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Print da publicação de  Luciane Barbosa Farias no 4º Encontro Nacional dos Comitês de Prevenção e Combate à Tortura e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura
Luciane Barbosa Farias no 4º Encontro Nacional dos Comitês de Prevenção e Combate à Tortura - Reprodução luhfariasoficial no Instagram

Luciane Farias esteve no ministério em março. Ela se encontrou com o secretário de Assuntos Legislativos no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Elias Vaz. Já em maio ela esteve com Rafael Velasco, secretário da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), também vinculada à pasta.

O ministro Flávio Dino negou ter se encontrado com Luciane.

"Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho. De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete", disse o ministro nas redes sociais.

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