Descrição de chapéu chuva

SP tem três mortes após temporal com ventos de mais de 100 km/h, falta de luz e desabamentos

Uma pessoa morreu em Osasco, outra em Santo André e uma em Limeira, todas atingidas por muros

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Chuva forte com ventania derruba árvore no Planalto Paulista

Chuva forte com ventania derruba árvore no Planalto Paulista, em São Paulo Giuliana de Toledo/Folhapress

São Paulo, Salvador e Osasco

Diversas regiões de São Paulo registram um rastro de destruição na tarde desta sexta-feira (3) devido a um temporal acompanhado de rajadas de vento e granizo. Ao menos três mortes foram confirmadas pela Defesa Civil e pelos Bombeiros.

Em Osasco, na avenida Luiz Rink, duas árvores caíram em cima de um muro, que, por sua vez, destruiu um veículo. Felipe Lima Ribeiro do Nascimento, 21 anos, passava pelo local no momento e foi atingido.

O jovem desembarcou do ônibus e tinha uma caminhada de cinco minutos até em casa. O avô, João Bosco do Nascimento, achou que a demora do rapaz para voltar para a casa era em decorrência da chuva. Ele define o neto como uma pessoa boa. Ao descobrir da morte do jovem, a família ficou em choque e apenas o avô conseguiu comparecer no local.

Em Santo André, uma parede também cedeu e acertou duas pessoas. Uma delas morreu. A terceira morte, segundo a Defesa Civil, ocorreu em Limeira, após o desabamento de um muro.

Faltou luz em vários bairros da cidade, como Morumbi e Pinheiros (zona oeste), Freguesia do Ó (zona norte) e Planalto Paulista e Vila Mariana (zona sul).

A Defesa Civil informou que cidade de São Paulo registrou ventos, especialmente nas regiões do Campo Limpo, Santana, e aeroportos de Guarulhos e Congonhas, onde chegaram aos 103,7 km/h.

A Polícia Militar diz ter recebido 874 chamados relacionados a quedas de árvores e 46 desabamentos na capital e na Grande São Paulo.

Segundo o Corpo de Bombeiros, foram 1.281 chamados para quedas de árvores na capital e região metropolitana, dois para enchentes e alagamentos e 46 para desabamentos.

Na região central, Paraíso e Jardim Paulista também tinham ventos fortes e chuva rápida. Na mesma área da cidade, o bairro da Aclimação ficou sem luz.

Segundo a Enel Distribuição, empresa responsável pelo fornecimento de energia na capital, as fortes chuvas e rajadas de vento provocaram quedas de árvores e galhos na rede elétrica, interrompendo o fornecimento de energia para alguns clientes. "A concessionária reforçou suas equipes em campo e trabalha para normalizar o fornecimento de energia o mais breve possível."

Árvore caída na rua Barão de Monte Santo, na Mooca, zona leste de São Paulo - Fabiano de Vito/Folhapress

No Tatuapé (zona leste), a tempestade chegou por volta das 16h30 e terminou rapidamente, mas provocou oscilações na energia e nos serviços de telefonia e internet.

No autódromo de Interlagos, que recebe o Grande Prêmio de F1 neste fim de semana, o vento forte arrancou parte da cobertura de uma arquibancada. Segundo a organização da prova, não há registros de feridos. No entanto, houve tumulto e correria entre crianças e pessoas com deficiência, segundo um torcedor relatou à Folha.

A queda de uma árvore bloqueou totalmente uma pista da via Anchieta no sentido litoral, por volta das 17h20. Às 18h07, a concessionária Ecovias informou que duas faixas haviam sido liberadas.

Na Praia Grande, banhistas foram pegos de surpresa pelas rajadas de vento e saíram correndo para se abrigar, no Canto do Forte. Foi possível ver a tampa de uma caixa-d'água e placas de proteção sendo arrancadas e levadas pelo vento.

O jornalista Pedro Henrique Oliveira, 40, presenciou o temporal da janela de seu apartamento no bairro Aviação, em Praia Grande, no litoral sul de São Paulo. Ele disse que a ventania e a chuva começaram por volta das 16h e duraram cerca de 20 minutos. Não houve queda de energia.

"As pessoas na praia começaram a correr para se proteger. O telhado de um clube que fica aqui ao lado ficou parcialmente destruído e a tela de proteção de um prédio em construção se rasgou. Aqui em casa ficamos assustados porque o vidro da sacada tremia e parecia que ia estourar de tão forte que estava a ventania", afirmou.

O temporal também derrubou árvores e fez cair a energia em Sorocaba, no interior de São Paulo.

O Instituto Nacional de Meteorologia havia emitido alerta de tempestades para diversas regiões do estado de São Paulo nesta sexta, com previsões de chuva entre 30 e 60 milímetros por hora ou 50 e 100 milímetros por dia, além de ventos intensos, de até 100 quilômetros por hora, assim como queda de granizo.

O alerta ainda mencionava risco de corte de energia elétrica, estragos em plantações, queda de árvores e de alagamentos.

O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, sofreu uma queda de energia nesta sexta-feira (3) - Leitor

Aeroporto de Congonhas fecha

O Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, teve que fechar na tarde desta sexta-feira após fortes rajadas de vento e a chuva deixarem o local sem luz.

Um jato executivo apresentou problemas no sistema de freios durante a aterrissagem. A pista principal ficou fechada entre 16h13 e 17h30, devido ao procedimento para retirar a aeronave da pista. Além disso, as rajadas de vento teriam causado danos a um hangar.

A forte chuva provocou uma queda de energia no terminal de passageiros do aeroporto. "Os geradores já foram acionados, e a Aena trabalha junto à concessionária de energia para reestabelecer a situação. Também registramos a queda de uma árvore numa das vias de acesso ao terminal. Um carro foi atingido, mas ninguém se feriu", informou a empresa Aena, que administra o aeroporto, pouco depois das 18h.

Em Guarulhos, sete voos foram alternados para outros aeroportos por causa das condições do tempo. Às 18h10, o aeroporto internacional funcionava normalmente para pousos e decolagens. A concessionária GRU Airport não registrou nenhum dano por causa do temporal.

Telefonia afetada

Moradores de São Paulo também relataram problemas com internet e telefone celular. A operadora Tim afirmou que a queda de energia afetou algumas operações, principalmente para linha móvel.

A empresa diz que esta trabalhando para restabelecer o mais rápido possível as estruturas de transmissão. Conforme o retorno da luz, o sinal também deve ser restabelecido.

A Claro afirmou que não houve problemas generalizados. "Os serviços da Claro não foram afetados massivamente na cidade de São Paulo. A operadora informa que, devido ao temporal, algumas regiões ficaram sem energia elétrica, o que pode ter interferido na oferta de sinal."

Já a Vivo informou que clientes de algumas regiões da cidade de São Paulo "podem estar com instabilidade na utilização dos serviços da operadora devido às fortes chuvas que atingiram a capital. Equipes estão atuando para restabelecer o serviço no menor tempo possível".

Tempestade de 400 km

O estado de São Paulo foi afetado na tarde desta sexta por uma linha de instabilidade que se formou na vanguarda da frente fria associada ao ciclone extratropical que está no litoral no sul do país, segundo o meteorologista Franco Nadal Villela, do Inmet.

Empurrada pelo ar frio que se desloca do sudoeste em direção ao nordeste do estado, a tempestade ocupou uma faixa de aproximadamente 400 quilômetros. Por se deslocar rapidamente e ser muito extensa, alcançou diversas regiões quase ao mesmo tempo.

Em Ourinhos, no interior de São Paulo, a ventania atingiu 111 km/h, a mais forte oficialmente registrada no estado na tarde de sexta, segundo o Inmet.

Ventos acima de 103 km/h são classificados oficialmente como tempestades violentas e ficam logo abaixo na escala de equivalência dos furacões, cuja velocidade é a partir de 118 km/h.

"Não é um vento inédito [em São Paulo], mas é raro. Não é todo ano que dá um vento de 104 km/h com força equivalente na cidade inteira", diz Villela.

Uma rajada de vendo com intensidade equivalente a um furacão, porém, não necessariamente pode receber esse nome. Para ser um furacão é necessário que o fenômeno sustente a média de velocidade acima de 118 km/h por ao menos dez minutos, explica o meteorologista.

Com o avanço rápido da frente fria, a expectativa é que as chuvas diminuam e ocorra o declínio da temperatura em todo o estado.

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