Descrição de chapéu Rio de Janeiro violência

Copacabana vive onda de insegurança apesar de índices menores que no pré-pandemia

Moradores dizem que ataques estão mais violentos, e especialista afirma que recentes imagens de assaltos contribuem para pânico

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Rio de Janeiro

Moradores de Copacabana têm relatado um aumento da sensação de insegurança do bairro da zona sul carioca neste ano, mas os dados oficiais de violência indicam que os números estão em um patamar abaixo do nível pré-pandemia. E, apesar de altos, também estão distantes dos recordes da série histórica.

Em novembro, foram 106 roubos nas ruas do bairro, menos que os 120 registrados no mesmo mês no ano passado. No acumulado dos primeiros 11 meses, foram 1.105 roubos de rua, uma alta de 10,7% em relação ao mesmo período de 2022.

Em comparação com 2019, porém, há uma redução de 15,1% —foram 1.301 casos naquele ano, o último antes da pandemia de Covid. Durante a emergência sanitária, com menos circulação de pessoas, os números sofreram uma redução.

Video divulgado nas redes sociais mostra grupo supostamente policiando por conta própria ruas da zona sul do Rio de Janeiro - Reprodução

O recorde para o período foi em 2008, com 1.362 casos em 11 meses. A série histórica existe desde 2003.

O indicador de roubos reúne os índices de roubos a transeuntes, a ônibus e de celulares. Enquanto os dois primeiros critérios estão estáveis na comparação com o ano passado, o terceiro registra uma alta de 28,1% no período —373 casos no ano passado, contra 478 este ano.

Este aumento é impulsionado pelos roubos de aparelhos que aconteceram durante o show do DJ Alok na praia de Copacabana, no dia 26 de agosto. Na noite da apresentação, cerca de 500 suspeitos chegaram a ser detidos, dos quais 34 ficaram presos.

No dia do show, foram 161 casos de roubo de rua no bairro. Isso é mais do que o registrado em qualquer outro mês de 2023. Ao todo, agosto teve 201 registros.

O segundo na lista é janeiro, com 159 —devido à festa de Réveillon, o mês tradicionalmente tem o número mais alto do ano.

Os números são do ISP (Instituto de Segurança Pública), órgão estadual responsável por tabular os dados de violência no estado. A Folha teve acesso aos registros de ocorrência da Polícia Civil e computou os números de novembro deste ano, que ainda não foram divulgados.

Moradores que conversaram com a reportagem afirmam que os roubos no bairro estão cada vez mais violentos, e os criminosos, mais agressivos. Todos eles apontam que isso também contribui para o aumento da insegurança.

Um dos casos recentes que mais repercutiu no Rio de Janeiro foi o ataque sofrido pelo empresário Marcelo Rubim Benchimol, 67, no domingo (3). Ele foi agredido e roubado no bairro por um grupo de jovens.

A ação foi flagrada por câmeras de segurança. Nas imagens, é possível ver quando ele desmaia após levar um soco. O empresário sofreu os ataques após defender uma mulher de um roubo. Ele passa bem.

Além disso, um fã da cantora Taylor Swift foi morto a facadas na praia de Copacabana em 19 de novembro. A vítima foi identificada como Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, 25. O caso foi registrado como latrocínio.

Para especialistas, apesar de os índices apontarem para uma estabilidade, as imagens que circularam geraram pânico na população.

"Com certeza, a onda de pânico em Copacabana não tem a ver com os índices, mas com as imagens [dos crimes] e o imaginário de perigo", disse a cientista social Silvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes.

Nesta semana também viralizaram imagens de assaltos ocorridos no último final de semana, que teve praias lotadas e termômetros com máxima de 36,3°C. Nesta quinta (7), a Polícia Militar afirmou que houve falha no policiamento e que irá aumentar o efetivo e número de abordagens.

Os casos recentes, além de outros relatos que circulam nas redes sociais, levaram grupos de moradores a se organizarem para sair pelas ruas da zona sul à caça de supostos ladrões. Alguns utilizavam soqueiras de metal e tacos de beisebol. A ação é ilegal e está sendo investigada pela Polícia Civil.

De acordo com Ramos, os índices podem ser mais altos do que os registrados, já que muitas pessoas não dão queixa no caso de furtos e roubos de pequenos objetos ou de valores menores. "A criação de grupos de vigilantes que se sentem no direito de tomar conta das ruas dando lições em jovens pobres e negros que vivem nas ruas ou andam nas ruas de bairros abastados é um acontecimento gravíssimo e precisa ser contido imediatamente pelas autoridades", disse ela.

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