Descrição de chapéu violência

Vingança motivou assassinato de casal de chefs em Porto Seguro, diz polícia

Principal suspeito é caseiro que trabalhou para David Peregrina Capó e, segundo apuração, tinha envolvimento com tráfico de drogas; ele está foragido

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Salvador

A Polícia Civil da Bahia informou nesta sexta-feira (8) que identificou o principal suspeito do assassinato do casal de chefs de cozinha David Peregrina Capó, 53, e Érica da Silva Santos, 38, em Porto Seguro (a 711 km de Salvador). A investigação aponta que o crime foi motivado por vingança.

O casal foi assassinado a tiros em 23 de novembro na localidade Ilha dos Ribeirinhos, que fica nas margens de um dos braços do rio Buranhém, na zona rural do município. Era neste local que ficava o restaurante comandado pelo chef espanhol e sua esposa, cujo acesso era feito por barcos.

O chef de cozinha espanhol David Peregrina Capó, de 53 anos, e sua mulher, a brasileira Érica da Silva Santos, de 38 anos, foram encontrados assassinados em novembro de 2023 - @chefdavid.ribeirinhos no Instagram

As investigações apontam Eliandro Lourenço Menezes como principal suspeito do crime. Ele atuou como uma espécie de caseiro da ilha onde ficava o restaurante e, segundo a polícia, tinha relação com tráfico de drogas na região, onde é conhecido pelos apelidos "Élio" e "Pai da Mata".

Eliandro é considerado foragido pela polícia e ainda não apresentou advogado.

A Polícia Civil apurou que Eliandro cuidou da área que pertencia ao chef espanhol em um período em que ele estava na Europa em 2017 e, naquele período, atuou a serviço do tráfico, escondendo drogas no local, que é rodeado de manguezais e difícil de acessar.

David teria prometido um pedaço da ilha ao caseiro em pagamento aos serviços prestados. Mas teria desistido da ideia ao descobrir a relação de Eliandro com o tráfico de drogas.

"Quando voltou da Europa, David prometeu um pedaço da ilha a Eliandro. Mas quando ele descobriu que o caseiro estava guardando drogas no terreno, ele não cumpriu esta tratativa", afirma o delegado Euler da Silva, titular da delegacia de Porto Seguro.

No último domingo (3), foi pedida a prisão temporária de Eliandro e de seu filho, que também era considerado suspeito de participação no crime. A Justiça acatou os pedidos de prisão e de busca e apreensão.

Na terça-feira (5), a Polícia Civil realizou uma operação na região da ilha com o apoio da Marinha e da Polícia Militar, mas não conseguiu encontrar Eliandro e seu filho, cujo nome não foi divulgado.

O filho, contudo, se apresentou à polícia após contato do advogado. Ele foi interrogado e afirmou que não tinha relação com o crime. Mas disse aos policiais que o pai havia confessado ter sido o autor do duplo assassinato e que não pretendia se entregar.

Outras testemunhas ouvidas pela polícia apontam para Eliandro como principal suspeito do crime. Ele já havia sido alvo de operações da Polícia federal de combate ao tráfico de drogas. Em 2015, chegou a ser preso por suspeita de participar de um assalto a banco em Itajuípe, sul da Bahia.

O chef espanhol David Peregrina Capó tinha pendências com a Justiça na Espanha. Reportagem do jornal espanhol "El Mundo" aponta que ele foi condenado a seis anos de prisão em processos por crimes de estelionato, apropriação indébita e falsificação de documentos.

Ele foi um dos acusados em um caso conhecido como escândalo das hipotecas fantasmas, esquema de falsos empréstimos hipotecários em um banco em que foram desviados cerca de 2 milhões de euros (equivalente a R$ 10 milhões).

Segundo a polícia, contudo, não há indícios que apontem para uma relação entre o escândalo das hipotecas na Espanha e o assassinato.

Porto Seguro enfrenta um avanço de mortes violentas nos últimos anos. O turismo é apontado como um dos motores o tráfico de drogas, da proliferação de facções e da consequente escalada de violênciapotencializada por conflitos fundiários.

A cidade é a mais populosa da região da Costa do Descobrimento, cuja média de mortes violentas intencionais em 2022 foi de 57,7 por 100 mil habitantes, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O índice é mais que o dobro da taxa nacional (23,3) e está acima da média da Bahia (47,1) do mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública (dados de 2022).

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