Descrição de chapéu Obituário Odette Valentim Domingos (1934 - 2023)

Mortes: Foi a maior medalhista do atletismo de Campinas

Durante sua carreira vitoriosa, Tia Odette ganhou mais de 3.000 troféus e ajudou a formar gerações

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São Paulo

Sempre com bom humor e seriedade, Odette Valentim Domingos se acostumou a, literalmente, arremessar para longe as dificuldades da vida. Assim, se tornou a maior ganhadora de medalhas da história do atletismo de Campinas (a 93 km de São Paulo).

Filha de lavradores, desde criança sonhava em ser esportista. Mas o caminho até o pódio era cheio de obstáculos e primeiro trabalhou como doméstica e merendeira de escola pública.

A realização do sonho de menina começou a se concretizar quando conheceu o técnico Argemiro Roque, com quem se casaria no futuro.

Mulher de roupa branca e chapéu branco estilo viseira
Odette Valentim Domingos (1934 - 2023) - Reprodução/EsPCEx

Foi por meio das orientações do seu primeiro e único namorado que Odette se tornaria um dos maiores nomes de sua geração no atletismo paulista, no arremesso de peso e nos lançamentos de dardo e de disco.

A carreira foi marcada por superação. Por exemplo, teve de remendar com esparadrapo as sapatilhas rasgadas durante a disputa de uma Copa Latina. Mesmo assim, conquistou seu terceiro recorde sul-americano no lançamento do disco.

O feito é citado em uma recente homenagem da EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército), onde a atleta foi professora durante cerca de quatro décadas —também trabalhou na prefeitura.

Ao todo, ela ganhou mais de 3.000 troféus nas inúmeras competições que disputou no país, na América Latina e em várias países, incluindo a conquista de cinco títulos mundiais.

Mesmo depois de encerrar as competições oficiais, inclusive por causa de inúmeras lesões, continuou ganhando suas medalhas em categorias para veteranos.

Também formou novas gerações do atletismo campineiro. Segundo o coronel da reserva Edson Lunardi, da seção de educação física da EsPCEx, Odette era muito exigente com os atletas e tinha uma metodologia rígida para repetição dos exercícios e movimentos. "Durante dois anos ela se aprimorou em treinamentos na Alemanha."

Diariamente, lembra o oficial do Exército, Tia Odette, como passou a ser chamada, abria o porta-malas de sua Belina para oferecer frutas aos alunos. "Ela levava bacias cheias de melancia, abacaxi e banana cortados para distribuir aos atletas, que chamava de 'meus meninos'", lembra.

Além das frutas, distribuía respeito, nunca chamando alguém pelo apelido, e sorrisos. O coronel Lunardi afirma ter visto a ex-atleta exibir semblante triste apenas quando perdeu o marido e o grande amigo João do Pulo, medalhista de bronze no salto triplo nas Olimpíadas de Montreal, em 1976, e de Moscou, em 1980 (ele morreu em 1999).

A ex-atleta foi uma das pessoas escolhidas para representar a Escola de Cadetes no desfile pela cidade com a tocha dos Jogos Olímpicos de 2016.

Apaixonada por animais, nos últimos tempos chegou a ter 15 cachorros em sua casa.

Odette Valentim Domingos morreu no último dia 27 de novembro, aos 89 anos, em Campinas. Como herança, lançou seu nome para a história do esporte da cidade.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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