Descrição de chapéu Obituário Miguel Benevides de Freitas (1948 - 2023)

Mortes: Sensível, fotografou Elis Regina e criou legião de amigos

Miguel Benevides frequentou festivais de música em São Paulo e trocou fotografia por jardinagem

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São Paulo

As gravações dos festivais de música em São Paulo no fim dos anos 1960 eram uma das principais diversões para Miguel e sua turma. Partiam em bando para o estúdio, decidiam quem iam apoiar e descobriam ídolos.

A estrela favorita do adolescente potiguar, no entanto, foi Elis Regina, de quem se tornou amigo. Anos depois, ele, já fotógrafo, registrou a última turnê da cantora, em 1981.

Miguel Benevides de Freitas nasceu em 1948, em São Miguel, no Rio Grande do Norte. Chegou a São Paulo com a família ainda menino, nos anos 1950, e logo que começou a circular pela cidade se apaixonou. "Era um potiguar, mas sempre foi de São Paulo, viveu a cidade", diz o amigo Carlos Tavares, 67.

miguel caminha por jardim em meio a plantas, é idoso, usa casaco, calça jeans e tênis vermelhos
Miguel Benevides de Freitas (1948-2023) - Arquivo pessoal

A turma de Miguel se encontrou na música e na liberdade artística dos anos de contracultura, respiros nos tempos de ditadura militar no Brasil.

Seu olhar "vagaroso", segundo os amigos Tavares, Julia Cheliz e Fernando Lana, seria determinante para a profissão de fotógrafo.

Ele começou no ofício como assistente do fotógrafo J. R. Duran e depois foi para o jornalismo, tornando-se um dos veteranos do Diário Popular. Em meio aos temas da cidade, praticava seu olhar artístico nos registros das figuras da música e do teatro, como Adoniran Barbosa e Norma Bengell.

O gosto pela música, aliás, era marca registrada. "A qualidade musical de onde ele estava era sempre muito boa. Onde ele estivesse, e tendo liberdade para colocar um som, era algo bom", diz a irmã Ducy Benevides, 58. E também se traduzia, segundo os amigos, no samba no pé.

Com a transição ao longo dos anos da fotografia analógica para a digital, Miguel, no entanto, tomaria outro rumo, sem deixar de praticar seu olhar atencioso. Começou a trabalhar como jardineiro, profissão que levaria até o fim da vida, em todos os cantos.

Cuidou de árvores que seguem na rua Rocha, no Bexiga, na região central da cidade, e também fez florir o jardim de casa. "Era ele quem cuidava, fez na frente de casa", conta Ducy, com quem Miguel morou nos últimos 23 anos no Imirim, na zona norte.

Amigo de muita gente, ele teve mais de duas dezenas de sobrinhos e sobrinhos-netos e foi fundamental para a criação de um deles, filho de Ducy, Pedro Ivan, 25.

Uma queda em outubro revelou complicações que se estenderam durante o mês seguinte. Em 21 de novembro, data da última partida de futebol entre Brasil e Argentina, ouvia o jogo de fora da sala de casa quando se sentiu mal e foi acudido pela irmã e pelo sobrinho.

Morreu na madrugada de 22 de novembro, aos 74 anos, em decorrência de hemorragias internas. Deixa os irmãos Ducy, Manoel, 79, e Maria Cleomar, 81, e uma legião de amigos.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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