Descrição de chapéu Obituário Carlos Alberto Tourinho Ramos (1939 - 2023)

Mortes: Cineasta contou histórias do Rio de Janeiro e de Natal

Carlos Tourinho criou instituto de formação em audiovisual no Rio Grande do Norte

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Juazeiro (BA)

Histórico longa-metragem rodado no Rio Grande do Norte, "Jesuíno Brilhante, o Cangaceiro", de 1972, conta a história de um dos precursores do cangaço no sertão e teve direção de fotografia de Carlos Tourinho, que se apaixonou pela região.

Anos depois, em 2006, o cineasta largou a carreira no Rio de Janeiro e se mudou para Natal. Na capital potiguar, criou o Instituto Técnico de Estudos Cinematográficos (ITEC), que oferece formação em audiovisual. Defendia que a cidade poderia ser um centro de cinema no Nordeste.

Homem idoso de camisa azul e boné, com os braços abertos, e uma câmera de cinema ao lado
Carlos Alberto Tourinho Ramos (1939 - 2023) - Reprodução/Facebook

Tourinho vivia com o olhar atento. Quando passava nas ruas, observava a paisagem e comentava sobre qual renderia um bom cenário para filmagens. "Aqui dava uma boa foto. Essa luz está bonita", costumava dizer.

"Ele amava muito o que fazia, dizia que não se via fazendo outra coisa. Falava que ia morrer trabalhando", conta a filha Isadora Guimarães Tourinho Barbosa, 46.

Carlos Alberto Tourinho Ramos nasceu em Teresina, Piauí. Filho mais novo, com duas irmãs, brilhava os olhos pelo cinema desde pequeno. O garoto passou a ser baleiro nas salas de exibição para assistir aos filmes. Acompanhava dezenas de sessões enquanto trabalhava com sua bandeja de madeira.

Na adolescência, se mudou para o Rio de Janeiro com a família. A viagem na boleia de um caminhão tinha como objetivo a busca por mais oportunidades.

Formado como repórter cinematográfico pela INCA (International New Cameraman Association), em 1963, atuou na televisão e depois se dedicou a trabalhos como documentarista. Foram mais de 50 filmes.

Teve três mulheres, todas Marias. Do relacionamento com Maria José Brum veio a primeira filha, Ana Aline Brum, hoje com 57 anos. A segunda, Isadora, foi após o casamento com a assistente social Marizabel Guimarães. Depois, se casou com Maria Alice, com quem criou uma empresa de audiovisual na capital fluminense, a Televisão de Vídeo e Cinema (TVC).

Mesmo com a distância após as separações, Isadora conta que Tourinho era um pai que mantinha contato e incentivava os projetos das filhas. Quando ia visitá-las, sempre levava os filmes que tinha produzido e promovia sessões em família. "Todo mundo tinha que assistir. Sentar com ele era só para bater papo sobre cinema."

Certa vez, brincando com os netos, fez um filme de terror. Os pequenos escolheram a história, e o avô fez a montagem, com direito a efeitos especiais de lobos uivando, raios e sangue escorrendo.

Seus últimos anos foram dedicados a passar o ofício de cineasta. Escrevia projetos e ministrava oficinas em várias cidades do Rio Grande do Norte. Já tinha propostas aprovadas em editais da Lei Paulo Gustavo e planejava um filme sobre a cidade que o acolheu, Natal.

Tourinho sofreu um enfarte dormindo e morreu na madrugada do último 26 de dezembro, aos 84 anos. Deixa as duas filhas e cinco netos —Isabela, Davi, Juliana, Diogo e Mariana. Em seu velório, as coroas de flores carregavam algumas das frases que vivia dizendo, como "não me transfira seus problemas" e "tou baixando uma cortina entre nós".

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.