Descrição de chapéu Obituário Eduardo Roberto de Oliveira Serva (1954 - 2023)

Mortes: Ex-tenente, ajudou a criar um clube do Fusca no interior de SP

Apaixonado pelo Flamengo, alagoano usou a liderança adquirida na caserna durante a vida civil

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São Paulo

Uma fileira de Fuscas estacionados próximos ao Santuário Diocesano Nossa Senhora Aparecida, em Jundiaí (a 58 km de São Paulo), sinalizava que a missa daquele início de noite no último dia 5 não era uma celebração comum.

Os Volkswagen, impecavelmente conservados, eram uma homenagem do Fusca Clube de Jundiaí a um de seus fundadores, Eduardo Roberto de Oliveira Serva.

Homem idoso ao lado de um Fusca azul
Eduardo Roberto de Oliveira Serva ao lado do Fuscada família - Arquivo pessoal

Nascido em Maceió e filho de militar, ainda adolescente se mudou com a família para Brasília.

Disposto a seguir a tradição paterna, foi estudar no Colégio Naval da Marinha, em Angra dos Reis (RJ).

De volta ao Distrito Federal, fez curso para tenente do Exército. Mais velho de cinco irmãos, assumiu a responsabilidade da família com a morte do pai, quando tinha apenas 18 anos.

A vida militar foi praticamente toda lastreada em Jundiaí, para onde se mudou em 1976 e fez carreira como 2º tenente no 12º GAC (Grupo de Artilharia e Campanha).

Um ano depois de sua chegada ao interior paulista, voltou a Brasília para buscar Catarina, também filha de militar, que conheceu na adolescência. Os dois se casaram e da união nasceram Ana Carolina e Guilherme.

O tenente Serva ficou seis anos no quartel até decidir trocar a farda pela roupa civil e trabalhar como técnico de segurança

Com o espírito de liderança adquirido na caserna, teve emprego em grandes indústrias até se aposentar.

Síndico do prédio onde morava durante anos, em mais de três décadas fez parte da coordenação pastoral da igreja perto de casa.

Nadador até seus últimos dias, também foi árbitro de futebol nos fins de semana. Era apaixonado pelo Flamengo e assistiu a vários jogos do Mengão no estádio do Maracanã.

"Usava a camisa do Júnior", diz o filho Guilherme Amaral Serva, sobre o lateral-esquerdo do time campeão mundial com o rubro-negro em 1981.

Quando conheceu a futura mulher na juventude, num daqueles acasos que a VW poderia ter usado nos comerciais de TV, nascia a relação de Serva com o consagrado carro da marca alemã.

O pai de Catarina deixou de herança um Fusca azul, ano 1973, levado de caminhão para o interior. Durante anos foi utilizado pela mulher. "Usava no dia a dia, para ir trabalhar, fazer compras", afirma a professora aposentada.

Um problema de saúde fez Catarina deixar o volante, e o carro ficou sob o cuidado do marido.

Em 2007, três amigos decidiram montar um clube para apaixonados por veículos com motor a ar e convidaram o ex-tenente para participar da primeira diretoria.

O Fusca Clube de Jundiaí, nascido com o objetivo de arrecadar brinquedos e alimentos para instituições de caridade, cresceu. Os recentes encontros anuais reúnem centenas de veículos. Seus associados também viajam para exposições e desfilam no 7 de Setembro.

Os Fuscas estavam enfileirados na porta da igreja no último dia 5 por causa da missa do sétimo dia de seu vice-presidente vitalício, morto repentinamente por problemas no coração. E foram em carreata até a casa da família depois.

Eduardo Roberto de Oliveira Serva, o tenente Serva, morreu no último dia 29 de dezembro, aos 69 anos. Deixou a mulher, Severina Catarina Amaral Serva, 64, e os filhos Ana Carolina, 42, e Guilherme, 38, a neta Isabela, e um Fusca azul, ano 1973, na garagem.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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