Descrição de chapéu Obituário Cícero Weverton Nascimento Silva (1993 - 2024)

Mortes: Levou o punk rock à cena artística do Cariri, no Ceará

Professor, escritor e músico, Cícero Weverton Silva deixou legado de irreverência artística no Crato (CE)

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São Paulo

Professor, escritor, artista, compositor, músico, militante cultural. Cícero Weverton Nascimento Silva exerceu de diversas maneiras sua irreverência criativa para unir o conhecimento acadêmico ao cenário cultural da região do Cariri, no Ceará.

Nascido e criado na cidade do Crato, aos 30 anos, Cícero já figurava como um importante nome da nova geração de artistas cearenses. Transitava com tranquilidade entre os universos do punk rock, da produção literária e o meio acadêmico.

Professor, escritor e músico, Cícero Weverton Silva deixou legado de irreverência artística no Crato (CE)
Professor, escritor e músico, Cícero Weverton Silva deixou legado de irreverência artística no Crato (CE) - Arquivo Pessoal

Formado em história pela Universidade Regional do Cariri, Cícero fez mestrado e iniciou uma segunda graduação em letras, na mesma instituição, para unir o conhecimento histórico à literatura nordestina. Ao mesmo tempo, dava aulas na rede estadual cearense na educação básica.

"Ele gostava muito da sala de aula e do meio acadêmico. Mas ele era muitos. Não conseguia se limitar ao mundo da educação, porque tinha uma veia artística muito forte. Ele teve uma banda de rock e foi organizador de um festival de punk rock, que reunia milhares de pessoas de toda a região do Cariri no Crato", conta Lívia Maria Nascimento, 26, sua irmã de Cícero.

Em dezembro de 2023, Cícero foi responsável por organizar a 10ª edição da Kaverada, festival que levou ao Crato dezenas de bandas de rock da região. "Ele foi um dos pioneiros na cidade de um estilo de rock mais pesado. Ele não queria apenas curtir o som, mas quis, e conseguiu com muito sucesso, trazer esse estilo para uma região que tem uma tradição musical muito diferente", conta Lívia.

Cícero era também membro do Conselho Municipal de Política Cultural do Crato. "Ele sempre foi um grande defensor da questão territorial e cultural do Cariri, por isso, se envolveu na militância para conseguir um orçamento maior para a cultura da cidade."

Criado apenas pela mãe, após a morte precoce do pai, Cícero sofria desde pequeno com dores agudas por conta de uma anemia falciforme. "Ele foi diagnosticado aos 4 anos, mas demorou para receber o tratamento adequado. Durante toda a infância e adolescência, ele passou por diversas internações."

"Os médicos sempre alertaram que ele não tinha uma expectativa de vida muito grande. Talvez por isso tenha vivido tão intensamente nesses curtos 30 anos. Acredito, e espero, que ele tenha concretizado todos os sonhos porque ele era muito determinado a fazer tudo o que amava, mesmo com a saúde debilitada", diz a irmã.

Cícero morreu na madrugada do último dia 3, quatro dias após ter completado 30 anos. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória após contrair uma pneumonia. "Ele estava com a imunidade muito baixa por causa da anemia falciforme, que sempre o deixou vulnerável para muitas doenças", explica a irmã. Ele deixa a mãe Ivanilde Monte do Nascimento, 44, a irmã Lívia, um sobrinho de 7 anos e a namorada.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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