Descrição de chapéu Obituário Maria Ignez Whitaker (1938 - 2023)

Mortes: Desbravadora, teve uma vida plena de aventuras e sabedoria

Maria Ignez Whitaker tinha espírito livre e prezava por sua independência

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Michelle Alves de Lima
São Paulo

Entretecendo os enigmas do amor, Maria Ignez Whitaker entoou sua última lição nas duas semanas que antecederam sua partida, em 3 de dezembro, aos 85 anos. "A gente precisa aprender a amar," ela dizia com frequência.

Ignez, como preferia ser chamada por todos, incluindo filhos e netos, recusava títulos. Teve uma vida plena de aventuras e sabedoria, e uma jornada que transcendeu as fronteiras do ordinário.

Filha de Mary Mauger e Firmino Whitaker, e neta de José Maria Whitaker, ministro da Fazenda durante as presidências de Getúlio Vargas e Café Filho, Ignez sempre esteve à frente de seu tempo. Na juventude, ao lado da irmã Carolina, liderou o movimentado bar Othero & González, no bairro do Bixiga, ponto de encontro de jornalistas, músicos e intelectuais em São Paulo.

Maria Ignez Whitaker
Maria Ignez Whitaker - Michelle Alves de Lima/Arquivo Pessoal

Mais tarde, fundou a perfumaria LIM & Cia. com Lili Guimarães e Marília Rocha, amigas que conheceu na faculdade de fonoaudiologia. Ela iniciou a graduação para cuidar melhor de seu filho mais velho, Jorge, que é deficiente auditivo. No entanto, não chegou a terminar o curso.

Ignez foi musa do estilista Alceu Penna, posou como modelo para sua amiga fotógrafa Claudia Andujar e para o escultor que fez uma das vidraças com anjos para a Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo.

Foi também capa da revista O Cruzeiro e, em 2012, fez parte de uma campanha publicitária do shopping JK Iguatemi, fotografada por Mario Testino. Ela não era modelo, mas tinha muitos amigos na área e, às vezes, fazia essas participações.

Foi casada com o legendário caçador Jorge Alves de Lima Filho, com quem teve cinco filhos, e, anos depois, com o publicitário e jornalista Murilo Felisberto.

Morou em Nova York por quase 20 anos. Foi pioneira ao estabelecer seu antiquário avant-garde, Elizabeth 260, no Lower East Side, bairro até então considerado "barra pesada".

Com seus passos rápidos, Ignez desbravou Nova York. Saiu no The New York Times, fez muitos amigos e teve diversos clientes famosos, como os atores Jake e Maggie Gyllenhaal e o pintor e cineasta Julian Schnabel.

Ela era a rainha de achar objetos valiosos na rua —certa vez, encontrou um anel de diamantes. Vendeu e comprou passagens para uma filha e uma neta que moravam no Brasil.

Em 2009, voltou a morar no país para cuidar de sua mãe, mas Nova York continuou a pulsar em seu coração. Sempre que possível, ela voltava à Big Apple para visitar um de seus filhos, netos e amigos.

Seu último ato se deu em seu apartamento em São Paulo, em decorrência de um problema cardíaco que debilitou sua saúde. Ignez deixa os filhos Jorge, Antônio Manoel, Nina, Alfredo e Memeia, nove netos, uma bisneta e incontáveis memórias.

"A Ignez era divertida, curiosa, desbravadora. A verdadeira excêntrica", diz a filha Ana Carolina (Nina) Alves de Lima.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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