Descrição de chapéu Obituário Wanderley Cosmo Pereira (1950 - 2024)

Mortes: Saudava os amigos com um 'Fala, Mano Brown'

Wanderley Cosmo Pereira tinha um jeito original e gostava de conversar sobre futebol e política

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São Paulo

A marca registrada de Wanderley Cosmo Pereira era a alegria e a simplicidade. O homem nascido em Petrolândia (PE), em 1º de dezembro de 1950, tinha uma maneira própria de saudar os amigos: "Fala, Mano Brown!". A voz rouca fazia aquela frase ficar ainda mais inconfundível.

Era impossível se encontrar com ele e não ouvir seu original cumprimento com o nome do rapper líder do grupo Racionais MC's, seguido de alguma brincadeira.

Wanderley Cosmo Pereira era um homem negro e que usava bigode
O vendedor autônomo Wanderley Cosmo Pereira - Leitor

As conversas com Pereira tinham sempre o PT como tema —ele gostava do Partido dos Trabalhadores—, principalmente quando envolviam o presidente Lula. Também fluía o papo sobre futebol, com foco no Santos, seu time do coração, e temas do cotidiano.

Ele ainda gostava de filosofia e direito, curso que sonhava ter feito, mas, como dizia, não deu certo porque caiu na boêmia paulistana e por se esquecer de estudar. A educação, aliás, era um tema que Pereira dizia ser de extrema importância.

O pernambucano foi criado na cidade de Nova Esperança, no Paraná. Na década de 1970, desembarcou em São Paulo, onde conheceu Solange Aparecida, seu grande amor e com quem se casou em 1981. Da união nasceram dois meninos: Leonardo, em 1982, e Leandro, em 1985.

Em São Paulo, Wanderley Pereira morou em diversos locais até fincar raiz, nos anos 1980, no Jardim Celeste, bairro nas proximidades do Jardim Zoológico, na zona sul. Durante cerca de três anos, entre 1994 e 1997, o fã de Pelé resolveu passar uma outra temporada em Nova Esperança. Passado esse tempo, ele retornou ao Jardim Celeste, onde permaneceu até os últimos dias de vida.

Amante do futebol, Wanderley era admirador da seleção brasileira que jogou a Copa do Mundo de 1970, quando o Brasil se sagrou tricampeão, relatou seu filho, o engenheiro eletricista e matemático Leonardo Ramos Pereira.

"Meu pai gostava de discutir política e religião, acreditando em um país mais justo, igualitário e sem discriminação", disse.

A criação dos filhos também foi motivo de orgulho para o pai. Enquanto Leonardo estudou na USP (Universidade de São Paulo), Leandro fez toda sua formação acadêmica na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde se tornou doutor em economia.

"Ele amava viver e compartilhar momentos prazerosos com as pessoas. Tinha prazer em conversar, compartilhar vivências e histórias cômicas. Não tinha preconceitos, falava de igual para igual com qualquer pessoa, independente da origem ou escolhas pessoais. Uma pessoa simples, porém convicta de suas ideias", acrescentou Leandro.

Wanderley morreu na noite de 11 de janeiro. Ele deixa a esposa, os dois filhos e um neto, Raí. Foi sepultado no cemitério São Pedro, na zona leste da capital paulista.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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