Filho de libaneses, Jamil Chade nasceu na cidade de Oriente, no interior de São Paulo, em 12 de janeiro de 1938. Terceiro de cinco irmãos, teve a infância e a adolescência influenciadas por mascates árabes que desembarcavam no Brasil naquela época.
Chegou a manifestar vocação para a vida religiosa, mas abriu mão do seminário e se mudou para o Rio de Janeiro para cursar medicina. Formou-se no início dos anos 1960 e se especializou em urologia.
De volta a São Paulo, integrou na capital as primeiras equipes de médicos do Hospital Sírio-Libanês, que praticamente se transformou em sua casa.
Os tempos eram outros, e Chade com seu próprio carro ajudava a fazer as compras dos alimentos que seriam servidos aos pacientes.
Em 1967, foi convidado a integrar o Grupo Segurança Saúde, a futura Amafresp (Serviço de Assistência à Saúde da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de São Paulo), e criou uma lista de médicos especialistas em cirurgia geral, cardiologia e urologia.
Entre 1986 e 1987 esteve na Escola de Medicina de Harvard como pesquisador em cirurgia. Mestre e doutor em urologia pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), também foi professor convidado da Faculdade de Medicina da PUC-Sorocaba e da Faculdade de Medicina de Valença, no Rio de Janeiro.
Chade ocupava a cadeira 29 da Academia de Medicina de São Paulo. Publicou diversos trabalhos e se tornou referência nacional e internacional.
Também foi presidente do departamento de Urologia da Associação Paulista de Medicina e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia, da Associação Médica Brasileira e do núcleo Avançado de Urologia do Hospital Sírio-Libanês, onde chefiava a equipe do pronto-atendimento.
Casou-se com a também médica Milca Cezar Chade, ginecologista, com quem teve três filhos, Jamil, jornalista e correspondente internacional, Daher e Milca, médicos.
"Tomou a clara decisão de usar a medicina para ajudar as pessoas. Ele jamais perguntou se a pessoa tinha como pagar pela cirurgia. Organizava tratamentos para parentes de conhecidos e desconhecidos. Aceitava pagamentos em lentilhas, em alimentos, em abraços", diz o filho Jamil Chade.
"A medicina não foi outra coisa senão o instrumento que ele encontrou para exercer no mundo sua missão: a de curandeiro, de corpos e de almas", completa.
Chade morreu no dia 15 de janeiro, aos 86 anos, em São Paulo. Deixou, além dos filhos, cinco netos.
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