Descrição de chapéu Obituário Maria de Alencar Pimentel (1940 - 2024)

Mortes: Vovó do Goiás era apaixonada por futebol e igreja

Maria Pimentel torcia por Vini Jr. e ensinou aos filhos a importância da honestidade

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São Paulo

Os jogos do Goiás, time do coração de Maria de Alencar Pimentel, só ficavam em segundo lugar quando o outro compromisso era a missa. Pela televisão ou no estádio, mesmo embaixo de chuva, lá estava ela, torcendo pela equipe que simbolizava sua paixão pelo futebol, o que lhe rendeu o título informal de vovó do Goiás.

Embora os filhos tentassem puxar sua torcida para o Flamengo ou para o São Paulo, Maria mantinha sua admiração inabalável, embora tenha feito concessões como torcer pelo jogador Vinicius Júnior, que despontou no clube carioca.

Maria adotou Goiás —clube e estado—, mas nasceu na região de Oeiras, primeira capital do Piauí, a 225 km da atual, Teresina. Sua forte religiosidade talvez tenha sido inspirada na cidade de 38 mil habitantes, que ostenta a característica de capital da fé por receber milhares de peregrinos católicos durante a Semana Santa.

maria sorri para foto, é idosa, atrás dela há um muro com fitas do senhor do bonfim, na
Maria de Alencar Pimentel (1940 - 2024) - Arquivo pessoal

Durante a infância e a adolescência, trabalhou na roça junto com a família, plantando milho, feijão e arroz, até se casar com Nelson Pimentel.

"A história do casamento foi linda: ela fugiu com ele, porque ele não teve coragem de pedi-la em casamento. Sumiram", diz uma das filhas, a jornalista Lu Pimentel, 57. "Mas, quando foram a um cartório, precisavam dos pais como testemunhas e voltaram."

Após voltar para Oeiras, o casal recebeu do pai de Maria um pedaço de terra para cultivar. A família cresceu com os primeiros filhos e eles decidiram partir para Goiânia em meados da década de 1970.

Os cinco filhos e a mãe foram deixados por Nelson, e Maria sofreu com a separação. Tinha vergonha de ir à missa por ser divorciada. Mas o caráter e a honestidade, segundo Lu, deram forças para que ela batalhasse pelo sustento dos filhos.

"Ela foi trabalhar de doméstica, porque eu aqui em São Paulo precisava pagar faculdade e aluguel e não conseguia ajudar muito. Depois, fez faxina em um asilo, já perto dos 50 anos, em Goiânia", diz a filha. Quando os filhos conseguiram se estabelecer financeiramente, passaram a ajudar a mãe.

Além de ver as partidas do Goiás, Maria viajava com os filhos para a praia e passava temporadas com Lu em São Paulo. Entre os destinos favoritos, Aparecida, onde passou várias viradas de ano, e Guarujá, no litoral paulista.

Católica fervorosa, comemorou seu último aniversário, em novembro do ano passado, com as amigas do apostolado de oração.

Morreu em 10 de janeiro, aos 83 anos, em decorrência de um infarto. Deixa os filhos Maria dos Santos, 62.
Luzinete Alencar Pimentel, 57, Deuzeni de Alencar, 56, José Rivaldo de Alencar, 54 e Marilene de Alencar, 43, e o neto Felipe Joaquim, 13, que ela queria ver jogando no Goiás.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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