Descrição de chapéu indígenas yanomami

PF apreende armas e equipamentos de garimpeiros no território yanomami

Operação em Roraima tem apoio das Forças Armadas, e novas ações devem ser realizadas; ninguém foi preso

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Curitiba

A Polícia Federal apreendeu na terça-feira (16) equipamentos utilizados por garimpeiros que atuam ilegalmente dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Segundo a PF, foram apreendidos armas, radiocomunicadores, munição e coletes à prova de balas. Ninguém foi preso.

A operação da PF conta com o apoio das Forças Armadas, e novas ações devem ser realizadas.

área de garimpo
PF faz operação contra garimpeiros que atuam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, nesta terça (16) - Divulgação/PF

"A atuação é, também, resultado do cumprimento das decisões do Supremo Tribunal Federal, no contexto da ADPF 709, de intensificação do combate aos crimes praticados dentro de territórios indígenas", diz a PF, em nota.

A ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) 709 foi movida pela Defensoria Pública da União. Em novembro de 2023, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, determinou que a União elaborasse, em 60 dias, um novo plano para a retirada de invasores de sete terras indígenas, que deverá ser executado em 12 meses.

A declaração do estado de emergência em saúde pública na terra yanomami completa um ano no próximo sábado (20). O decreto foi um dos primeiros atos do governo Lula, uma resposta diante da crise humanitária enfrentada pelos indígenas, com explosão de casos de malária, desnutrição grave e doenças associadas à fome, como diarreia e pneumonia.

A operação para a retirada de milhares de garimpeiros do território começou em fevereiro do ano passado e prosseguiu pelos meses seguintes, com a expulsão de invasores e redução de quase 80% da área garimpada, segundo o Ministério da Defesa.

De acordo com o Ministério Público Federal em Roraima, as ações tiveram êxito relativo no primeiro semestre. Depois houve um esvaziamento das ações, com o retorno de garimpeiros e a continuidade do adoecimento e morte de yanomamis.

Nesta terça, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, fizeram um balanço das ações ao longo de um ano, falaram sobre as dificuldades enfrentadas no território e quais os planos para 2024.

Guajajara disse que, embora o governo Lula tenha implementado ações emergenciais, as medidas se mostraram insuficientes para a resolução dos problemas. "Mas muito foi feito, e a gente vai continuar fazendo. Agora a gente sai das ações emergenciais e, por decisão do presidente Lula, vamos agora levar as ações permanentes", afirmou.

Tapeba afirmou que subiu de 690 para 960 o número de profissionais de saúde e citou parcerias com instituições como Fiocruz, Unicef e Médicos Sem Fronteiras para trabalho junto aos indígenas. Segundo ele, foram aplicados mais de R$ 200 milhões na saúde no território.

Sobre 2024, a ministra lembrou a criação de uma "casa de governo" em Boa Vista, para coordenar políticas permanentes no território yanomami, com orçamento previsto de R$ 1,2 bilhão, medida já anunciada nos últimos dias.

Segundo o governo federal, o território yanomami é a maior terra indígena do mundo, com quase 10 milhões de hectares e população de cerca de 30 mil pessoas que vivem em mais de 380 comunidades. O local é rico em ouro e minerais, o que motiva a invasão garimpeira.

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