Baixo Augusta comemora seus 15 anos com baile de debutante na rua

Diferente da última edição, bloco deixou politização de lado e apostou em Criolo para animar o público

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São Paulo

Resiste amor em SP. Sob esse lema, o megabloco Acadêmicos do Baixo Augusta convidou milhares de pessoas para celebrar seus 15 anos de fundação neste domingo (4) na rua da Consolação, centro da capital. A festa começou às 14h.

Desde as primeiras horas da manhã, porém, o público –apostando em pouca roupa, muita cor ofuscante, brilho ou referências tradicionais, como animais e super-heróis– já brotava das estações de metrô próximas à concentração e procurava por um espaço para se estabelecer.

"Com tanta gente planejando vir, é tática de guerra. Você precisa ter o melhor território para curtir", diz o médico Vitor Freire, 33. Ele chegou ao local por volta das 10h, acompanhado de outros cinco amigos. "Trocamos o pão pela cerveja e conseguimos ficar próximos ao trio, só vantagem", continua o folião.

Alessandra Negrini no início do desfile do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, que completa 15 anos - Eduardo Knapp/Folhapress

A maioria, porém, optou por chegar mais tarde. Para eles, a experiência foi difícil. Acesso ao cortejo era estreito, como ocorrido em anos anteriores, causando empurra-empurra e pisões.

Foi organizado um verdadeiro baile de debutante para marcar o 15º ano do bloco. A atriz Alessandra Negrini, sua rainha, estava em traje de gala para a ocasião, com balões presos à fantasia, e dançou a tradicional valsa com alguns convidados.

O repertório musical do evento foi comandado por Simoninha, puxador do Baixo Augusta, e Criolo, que hipnotizou o público ao cantar sobre as delícias e dores da vida na cidade mais populosa do país. "Essa festa é de vocês", destacou o artista oriundo do Grajaú, distrito no extremo-sul de São Paulo.

A celebrada dupla foi apoiada pela Orquestra Sinfônica de Heliópolis, comunidade paulistana com o maior número de habitantes. Os membros do grupo estavam emocionados. À Folha, relataram nunca terem conseguido sonhar com tamanha oportunidade e exposição.

Diferente do último ano, quando o presidente Lula (PT) foi louvado e roupas vermelhas dominaram, a atual edição do megabloco ocorre menos centrada em questões políticas. Poucos participantes ensaiaram xingamentos ao governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB).

"Acho que a galera está mais desencanada. Mesmo com o carioca [Tarcísio] nos governando, as coisas já foram piores no país", opina a contadora Vânia Almeida, 37.

Ela retocava a maquiagem, já derretida após uma hora de dança e cantoria sob intenso calor causado pelos 29°C nos termômetros e corpos disputando cada metro quadrado. Quem curtiu a transpiração foi o conglomerado de vendedores credenciados pela prefeitura, distribuindo freneticamente garrafas d'água por R$ 5 e duas latinhas de cerveja por R$ 15.

"A coisa tá boa hoje, muita gente e muita sede. Espero lucrar bastante", declara a vendedora Josefa Silva, 46, que afirma ser o Baixo Augusta o bloco mais rentável da cidade.

A chuva chegou logo no início, mas não espantou o público, que continuou a folia ensopado.

Mesmo com banheiros químicos disponíveis, muitos usaram o paredão do cemitério da Consolação para urinar.

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