"Hoje, vou ficar só no selinho nas amigas", exclamou a estudante Noemi Duarte, 20. Ela chegava ao Casa Comigo, bloco que desfila no pré-Carnaval em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, no início da tarde deste sábado (3). Questionada sobre o motivo da escolha, respondeu temer o golpe do beijo.
A prática consiste em fingir ter interesse numa pessoa e partir para a pegação. Na sequência, durante o ato, apalpar o corpo alheio em busca de objetos para furtar.
Outros foliões, no mesmo cortejo, declararam estar atentos ao golpe. "Ano passado caí nessa. Tô fora, não vou ser idiota mais uma vez. Melhor beijar só a boca da latinha", diz o publicitário Michel Lima, 26.
Desde meio-dia, quando começou seu trajeto na rua Henrique Schaumann, o Casa Comigo arrasta uma multidão de jovens.
Para este ano, os organizadores apostaram no funk para atrair e cativar os foliões. Deu certo. O perímetro foi transformado em um baile, com muita gente dançando para todos os lados.
Por volta das 13h, a chuva chegou, mas não desanimou os presentes, que continuaram requebrando e balançando seus véus de noiva, fantasia tradicional do evento.
"É bom pra refrescar. Tá abafado, né? Calor humano", diz o jornalista Pedro Farias, 29.
O Casa Comigo desfila desde 2013 e seu trajeto vai até o largo da Batata, no coração de Pinheiros.
Nas proximidades do Casa Comigo, dois blocos faziam barulho: o de Tiago Abravanel e o Bangalafumenga.
No primeiro, o público não era numeroso, mas animado. O artista, neto de Silvio Santos, emplacava músicas conhecidas do pop nacional enquanto distribuía calorosos beijos sobre o trio elétrico, causando frisson no público.
Já no Bangalafumenga, adeptos celebravam mais uma edição levando uma nova geração para conhecer o bloco que desfila desde 1998.
O professor Rafael Matos, 40, estava com o filho, Théo, de sete.
"Ele precisa conhecer isso. É muita história, muita alegria. Espero que ele se lembre deste dia", diz.
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