Lula diz que parece ter havido conivência em fuga de presídio de Mossoró

'Só faltou contratarem uma escavadeira', ironizou o presidente

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Adis Abeba

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste domingo (18) que pode ter havido um "relaxamento" e a "conivência" de agentes que trabalham no sistema penitenciário federal em Mossoró (RN), onde dois presos faccionados fugiram.

"Estamos à procura dos presos e esperamos encontrá-los. Queremos saber obviamente como esses cidadãos cavaram um buraco e ninguém viu. Só faltou contratarem uma escavadeira. Parece que teve conivência com alguém do sistema lá dentro, mas não posso acusar ninguém", afirmou o presidente.

Penitenciária de segurança máxima em Mossoró (RN)
Penitenciária de segurança máxima em Mossoró (RN) - Divulgação/MJSP

Lula deu as declarações em Adis Abeba, durante viagem oficial de cinco dias ao continente africano. O mandatário também passou pelo Cairo.

O presidente demonstrou contrariedade ao ser questionado sobre o assunto, pois disse que a prioridade na entrevista coletiva seria para tratar dos temas relacionados a sua viagem à África. No entanto, respondeu.

Citou que a primeira sindicância para apurar as circunstâncias da fuga já havia sido instaurada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. O titular da pasta vai viajar a Mossoró para acompanhar as buscas por dois detentos que fugiram da penitenciária federal na cidade.

Na sequência, o mandatário afirmou que pode ter havido relaxamento e que é preciso saber de quem foi a omissão, que permitiu a fuga.

"Sou obrigado a acreditar que uma investigação, que está sendo feita pela polícia local e a Polícia Federal nos indique amanhã ou depois de amanhã o que aconteceu no presídio de Mossoró. É a primeira vez que foge alguém desses presídios. Isso significa que pode ter havido relaxamento e precisamos saber de quem", afirmou.

Nesta quarta-feira (14), dois presos fugiram de uma penitenciária federal de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a 277 quilômetros de Natal.

Trata-se da primeira fuga desde a inauguração, em 2006, do sistema criado para isolar lideranças de facções criminosas e presos perigosos do país.

Recém-empossado ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski já havia determinado o afastamento imediato da atual direção da unidade e escalou um interventor.

Um dia depois da fuga da penitenciária, uma portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública suspendeu banhos de sol, visitas sociais e de advogados nos presídios federais após a fuga de dois detentos em Mossoró, no Rio Grande do Norte. A medida valeria para os dias 15 e 16 de fevereiro.

Além disso, foram suspensas na ocasião também atividades de assistência educacional, laboral e religiosa. Somente os atendimentos emergenciais de saúde seguem mantidos.

A pasta depois publicou nova portaria, prorrogando as medidas até o dia 21 deste mês. No entanto, foi retirada a suspensão ao atendimento por advogados.

Os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça, 36, o Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, 34, o Deisinho ou Tatu. Eles eram oriundos do estado do Acre, onde, em julho do ano passado, participaram de uma rebelião que deixou cinco mortos, em suposta guerra entre facções criminosas.

De acordo com o governo acreano, os detentos, que se declaram integrantes do CV (Comando Vermelho), estavam entre os 14 presos transferidos para o sistema federal, em setembro passado, suspeitos de liderarem a matança.

Investigadores que participam das buscas afirmam que os dois detentos fizeram uma família refém na noite desta sexta-feira (16), tendo levado dois celulares e carregadores.

De acordo com relatos dos familiares aos investigadores, eles fizeram muitas ligações por WhatsApp, sendo algumas para a capital do Rio de Janeiro, devido ao DDD. O interlocutor tinha sotaque e teria dito que estava no Rio. Segundo as investigações, os fugitivos são ligados ao Comando Vermelho.

Na casa dos reféns, eles se alimentaram e fugiram novamente cerca de quatro horas depois com mantimentos. Não houve violência.

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