Descrição de chapéu Alalaô

Mancha Verde, Rosas de Ouro e Dragões da Real são destaques na 1ª noite de Carnaval em SP

Desfilaram também Camisa Verde e Branco, Barroca Zona Sul, Independente Tricolor e Acadêmicos do Tatuapé

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São Paulo

A primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo neste ano foi marcada por enredos com referências à África, pela homenagem ao ex-jogador Adriano Imperador e pela cena de uma bailarina atravessando a avenida na ponta dos pés. Entre as escolas, chamaram a atenção principalmente a Mancha Verde, a Rosas de Ouro e a Dragões da Real.

Os desfiles no Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital, começaram na noite de sexta-feira (9) com a Camisa Verde e Branco exaltando a África.

O ex-jogador de futebol Adriano Imperador foi homenageado pela Camisa Verde e Branco, que voltou ao Grupo Especial do Carnaval de São Paulo após 12 anos - Mathilde Missioneiro/Folhapress

"A Mocidade Verde e Branco vem saudar suas raízes, reafirmar-se como tradicional e legítimo território negro", disse a escola sobre seu enredo com homenagem ao orixá Oxóssi, o rei das matas e "patrono espiritual" da agremiação, que voltou à elite do Carnaval paulistano depois de 12 anos.

A escola também reverenciou Adriano Imperador como símbolo de vitória e resistência negra. O ex-jogador atuou pela seleção brasileira e por clubes como Flamengo, São Paulo, Corinthians e Inter de Milão.

"Não sei nem sambar, mas esse é um dos dias mais importantes da minha vida", disse Adriano ao subir no carro alegórico. Ele usou uma coroa que, de acordo com integrantes da escola, continha uma esmeralda verdadeira.

Segunda da noite a se apresentar, a Barroca Zona Sul voltou-se à velha guarda e, no ano em que completa 50 anos, escolheu o enredo "Nós nascemos e crescemos no meio de gente bamba. Por isso que nós somos a Faculdade do Samba".

Décimo lugar no ano passado, a Barroca encantou o público com alegorias altas e bastante elaboradas. O abre-alas contava com uma estrutura giratória que alterava o cenário conforme percorria a avenida.

No fim do desfile, a agremiação deixou a mensagem de que o futuro do samba está garantido: a última alegoria abrigava crianças vestidas com becas, jogando o capelo para cima, representando a formatura na faculdade do samba.

A Dragões da Real, terceira escola a se apresentar, levou ao Anhembi uma homenagem às rainhas e aos reis da África —que, reza a lenda, viram estrelas quando morrem. René Sobral, intérprete oficial da escola, disse que o intuito era mostrar uma parte da história africana pouco lembrada pelos brasileiros.

Em busca do titulo inédito, a escola da torcida organizada do São Paulo apostou no luxo para mostrar um continente rico e com muita cultura. Na comissão de frente, 33 integrantes se revezavam, já que o regulamento permite apenas 15 pessoas de cada vez à frente da escola.

O abre-alas era puxado por duas esculturas de rinocerontes, e o último carro teve como destaque um rei cercado de elefantes dourados.

Em seguida, a Independente Tricolor fez referência à força da mulher preta, representada nas guerreiras Agojie, que formaram o único exército feminino da história. Elas defenderam o reino de Daomé, atual República do Benim.

E, para relembrar a influência africana para o samba, a bateria ganhou atabaques —instrumento de percussão africano. Com paradinhas, os ritmistas animaram o público.

A escola encerrou o desfile a 45 segundos do tempo máximo.

A Acadêmicos do Tatuapé, bicampeã do Carnaval paulistano, teve em seu desfile a história da badalada Mata de São João, cidade da região metropolitana de Salvador, conhecida como joia da Bahia.

Muitas alas representaram o barro, abundante na região e matéria-prima do artesanato local.

O destaque foi a princesa de bateria, Talita Guastelli, que é bailarina e atravessou o Anhembi na ponta dos pés. No final, a escola precisou correr para encerrar o desfile e os portões foram fechados 12 segundos após o tempo máximo —a agremiação não deve ser penalizada já que o estouro não chegou a um minuto.

Para tentar superar o vice-campeonato de 2023, a Mancha Verde exaltou o plantio e o homem do campo. Antes de o samba dominar o Anhembi, a escola da torcida organizada do Palmeiras trouxe o berrante e arriscou um som sertanejo, levantando a arquibancada tomada por torcedores.

O campo foi lembrado em alas com integrantes vestidos de frutas e legumes, além de animais como abelhas e o porco —como são conhecidos os torcedores do Palmeiras.

À frente dos ritmistas, Viviane Araújo desfilou usando botas representando uma cantora de moda de viola

Já com o dia claro, a Rosas de Ouro iniciou o último desfile com uma homenagem ao parque Ibirapuera, o mais famoso da capital paulista.

Para espantar o mal desempenho do ano anterior —quando ficou no 12º lugar—, a escola recorreu à sua marca registrada: muita cor e alegorias bem acabadas. Um dos carros reunia dezenas de ciclistas pedalando sem sair do lugar para representar uma das atividades que mais atrai público ao parque.

Uma das alas da escola representava as quadras de basquete sempre disputadas. Em outra, integrantes vestidos de formigas lembravam os tradicionais piqueniques nos gramados do parque.

A escola ainda homenageou a cantora Rita Lee, morta em 2023, que viveu nas proximidades do parque e costumava frequentá-lo na juventude.

A segunda e última noite de desfiles do Grupo Especial ocorre neste sábado e madrugada de domingo (11). Os destaques são a volta da Vai-Vai à elite —a escola é a maior vencedora do Carnaval de São Paulo, com 15 títulos. Entre as sete agremiações desfilam também a Gaviões da Fiel e a atual campeã, Mocidade Alegre.

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