Descrição de chapéu Obituário Nikole Bozza Lecheta (1994 - 2024)

Mortes: Com coração gigante, amava música e arquitetura

Cheia de garra, Nikole Bozza Lecheta era divertida e carinhosa

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São Paulo

A carne moída congelada encostou na panela com óleo quente, e labaredas se espalharam pela cozinha. Um susto no meio de uma madrugada de projetos arquitetônicos. Quase um acidente, mas lembrado com humor e carinho, já que simbolizava a paixão que Nikole Bozza Lecheta tinha pela profissão que escolhera.

"Sempre ríamos desse episódio. Ela só queria comer alguma coisa, mas estava morta de cansada. Quando a conheci, me identifiquei com isso que ela tinha, a ‘garra de fazer as coisas’", conta a amiga Natália Klein.

Formada pela PUC-PR, estagiou em diversos escritórios, trabalhou em outros, pintou casas como voluntária. Projetou residências, edifícios, hotéis, museus, centros esportivos e interiores. No mundo de possibilidades da arquitetura, do que mais gostava era criar.

Nikole Bozza Lecheta (1994 - 2024)
Nikole Bozza Lecheta (1994 - 2024) - Arquivo pessoal

"Tamanha gratidão eu tenho por essa profissão maravilhosa. Que me faz cada dia mais entender sobre o mundo, sobre relação do homem com o espaço. Vai muito além de simples traços desenhados no papel. Ela envolve sentimentos e propósitos", diz uma publicação recente em seu LinkedIn, legenda para uma foto sua vestindo galochas e capacete de obras.

Se garra é uma palavra usada de forma unânime por familiares e amigos para descrevê-la, outra é alegria. As risadas eram onipresentes na adolescência, quando vivia entre os shoppings e os parques de Curitiba, cidade na qual nasceu e cresceu, sempre com as amigas a tiracolo. Não havia quem não se divertisse perto dela. Filha única de pais separados, amava a família. Era carinhosa com os avós.

Durante as aulas no Colégio Marista Santa Maria, já rabiscava os cadernos. No tempo livre, passava horas jogando The Sims. Primórdios do ofício que a apaixonou.

Também era apaixonada pelas amigas. Tanto que, quando elas estavam mal, Nikole era capaz de sentir os mesmos sintomas. "Engravidei logo depois da faculdade, mas só descobri com cinco meses. Antes disso, quando eu relatava o que estava sentindo, ela prontamente dizia: ‘Ai, guria, eu também’", lembra Natália.

Sagitariana, gostava de viajar, de festas de música eletrônica e não perdia um show das bandas das quais gostava. Descrevia como uma "experiência fantástica" a apresentação do Coldplay, à qual assistiu com Everton, namorado de muitos anos.

Herdou dos pais o gosto por Red Hot Chilli Peppers e decorou as unhas com os símbolos da banda para curtir o show no Brasil. Foi ao comprar ingressos para ver o grupo, aliás, que conheceu o noivo, Matheus, com quem passou a morar no ano passado.

Nikole morreu no dia 13 de fevereiro, aos 29 anos, após contrair hepatite A. "Ela era uma menina de alegria, a mais divertida, a mais engraçada. Eu admirava que ela tinha uma coragem, ela era ela. Peça rara", diz Natália.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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