Descrição de chapéu Obituário Aracy Bueno (1929 - 2023)

Mortes: Desbravou o Ipiranga e agigantou o jornal do bairro paulistano

À frente da Gazeta do Ipiranga, Aracy Bueno transformou o veículo no 'Diário Oficial do bairro'

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São Paulo

Antes de morar no bairro do Ipiranga, na zona sul de São Paulo, Aracy Bueno chegou a viver em Pinheiros e no interior do estado, mas foi no subdistrito que abriga o Monumento à Independência que a jornalista fincou raízes e foi muito mais do que uma simples moradora.

Ao lado da irmã, Maria Helena Bueno, ela dirigiu por décadas a Gazeta do Ipiranga, onde trabalhava como redatora após a família ter comprado a publicação que não andava bem das pernas. "Ela desbravou o bairro, o jornal era sua vida", diz a irmã.

Aracy Bueno, fundadora da Gazeta do Ipiranga, morreu aos 94 anos
Aracy Bueno (1929 - 2023) - Divulgação/Gazeta do Ipiranga/Laerte Toporcov

Maria Helena conta que a publicação chegou a rodar com 44 páginas por edição e era o maior jornal de bairro de São Paulo, conhecido como o "Diário Oficial do Ipiranga", graças ao empreendedorismo da irmã, que se firmou no ramo em um ambiente dominado por homens. Além de pautar os assuntos redigidos pelos repórteres, Aracy também negociava os anúncios entre os comerciantes e transformou a publicação em uma espécie de classificados para os moradores. "Recebíamos correspondência do mundo inteiro."

Era ela quem revisava cada texto antes de o jornal ser enviado para a impressão e também fazia questão de acompanhar a produção de conteúdo. Algumas vezes, também escrevia textos. Sua personalidade firme e independente era frequentemente acionada quando os interesses da publicação e, consequentemente, do bairro estavam em jogo, lembra a irmã.

As edições eram distribuídas gratuitamente às sextas-feiras, quando a sede era tomada por filas de leitores em busca de seu exemplar da semana. Foi Aracy quem elaborou o projeto gráfico para modernizar o semanário, um dos primeiros a passar do formato tabloide para o standard, conta Maria Helena, que substituiu a irmã na gestão da publicação em meados dos anos 2000.

Além da dedicação à publicação, Aracy era conhecida pela caligrafia caprichada, e sua assinatura era sua marca registrada, uma inspiração do pai dono do mesmo dom.

Em meio à rotina árdua de trabalho que tomava a maior parte de seu tempo, a redatora ainda ajudou a irmã a criar o sobrinho Roberto, hoje com 40 anos, "tratado como filho", segundo Maria Helena. "Era o amor da vida dela, ainda me lembro das brincadeiras deles juntos. Era uma vida boa."

Nascida em 1929, Aracy morreu aos 94 anos em 18 de novembro na cidade de Tatuí, a 145 km da capital paulista. Deixa a irmã mais nova e o sobrinho Roberto.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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