Descrição de chapéu Rio

Entenda como funciona ação de unidades especiais da polícia durante sequestros

Corpo tático inclui a presença de um negociador, um sniper e um gestor de crise

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São Paulo

O sequestro é um dos tipos de crime mais difíceis de resolução. Além de diversos fatores variáveis que complicam a ação das forças policiais, existe um risco iminente e imediato à vida dos reféns. Por isso, diante dessa complexidade, ele é um dos principais focos de atuação das unidades especiais.

"Este é um tipo de situação na qual o tempo é uma variável decisória. Se for muito rápido pode ocorrer uma tragédia. Se demora muito pode gerar um desgaste, estresse. Tanto no sequestrador como nos policiais envolvidos", afirma a antropóloga e professora do departamento de Segurança Pública da UFF (Universidade Federal Fluminense) Jacqueline Muniz.

Ela diz que não existe uma regra sobre esse tempo. Essa é uma percepção dos policiais, a depender das condições de cada caso. O sequestro pode ser de uma única pessoas ou de um grupo, pode ocorrer em locais abertos ou fechados. Pode ser em um local fixo, como uma casa, ou em movimento, caso do sequestro de um ônibus.

Reféns são liberados após o sequestrador se entregar depois de 3 horas, no Rio de Janeiro - Reprodução/Globonews

Justamente por isso, este tipo de operação não é indicada para os policiais que atuam no dia a dia da cidade. A atuação em casos de sequestro exige ações precisas e sincronizadas. O corpo tático da polícia treina de forma constante para atuar em casos especiais.

Fazem parte desta unidade um sniper (especialista em tiros de longa distância), um negociador (que será responsável em manter contato com o sequestrador), um gerenciador de crise (que terá a função de organizar o isolamento no local e coordenar as atividades).

"Existem situações que precisam de uma precisão cirúrgica, que um policial generalista não saberia executar", diz Jacqueline. "As esquipes dos corpos táticos são altamente treinadas para intervir em um cenário de alto risco e elevado grau de incerteza, com foco em baixa zero para todos os lados. Vítimas, policiais e sequestrador".

Além do corpo tático especializado em situações de alta complexidade, no local do sequestro existe um isolamento da área para evitar que curiosos atrapalhem, a presença de socorro médico e de profissionais que organizem o trânsito nos arredores.

A comunicação entre os policiais e a população, neste tipo de caso, também costuma ser importante, já que crimes como sequestro criam pânico e aumentam a sensação de insegurança.

Jacqueline ressalta que é importante evitar a interferência externa de políticos ou de outras pessoas que não tenham o treinamento adequado, já que isso tende a atrapalhar a operação. "A pior coisa é deixar um policial inseguro na hora da tomada de decisão em tempo real".

Segundo ela, é uma equipe diferenciada que combina perfis e qualificações diferentes, com um conjunto de capacidades específicas. Essa equipe treina de forma constante.

"Não é todo tipo de operação que precisa de uma operação com corpo tático. Você não usa um cirurgião para tirar bandaid", diz Jacqueline.

"Um corpo tático como o Bope, por exemplo, é caro de manter. O uso mal empregado não gera controle de território e cria escassez. No médio prazo, se você banaliza, perde a excelência. é um desvirtuamento político da função".

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