Geradores dominam ruas do centro de SP em terceiro dia de apagão

Diária do serviço custa R$ 3.000; Enel diz que cerca de mil clientes ainda serão auxiliados pelo equipamento

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São Paulo

Geradores tomam as ruas de Santa Cecília e da Vila Buarque, no centro de São Paulo, no terceiro dia com registros de falta de luz no bairro, nesta quarta-feira (20).

Nos acostamentos, há filas de caminhonetes carregando as fontes de energia. As calçadas estão forradas por fios que vão dos veículos a comércios e prédios residenciais.

A situação é notável na rua Dona Veridiana, próximo à Santa Casa de Misericórdia. Lá, moradores exigiram da administração dos condomínios a contratação de geradores, que custam R$ 3.000 por dia.

Gerador da Enel na rua General Jardim, na região da Vila Buarque e Santa Cecília, no centro de São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

"É muito caro, mas pegamos para os elevadores funcionarem. Tem muito idoso que não aguenta subir as escadas", disse Francisco Chagas, 55, síndico de um dos endereços.

Na mesma calçada, uma sorveteria também recorreu a gerador para não perder seus produtos. Em meio ao calorão, clientes comemoravam o fato de estabelecimento estar funcionando.

Perto dali, na rua Jaguaribe, um restaurante movido a gerador tinha uma fila de clientes esperando por um lugar para sentar. Eram moradores da região procurando por um local para passar a tarde por estarem sem luz em casa, caso de Lúcia Campos, 34.

A contadora relatou estar passeando de comércio em comércio desde a segunda-feira (18), quando o apagão começou. Diz que prefere não ficar em seu apartamento que está "fedendo", em razão de alimentos estragando.

"Em 30 anos morando aqui, nunca vi coisa igual", declarou.

Problemas na rede elétrica do centro de São Paulo começaram na segunda-feira e, de acordo com a concessionária de energia Enel, haviam sido sanados até a noite de terça-feira (19) —apesar de reclamações sobre falta de luz continuarem em ruas da Vila Buarque, um dos bairros afetados.

Por volta das 12h40 desta quarta, porém, uma nova queda generalizada de energia tirou o alívio de moradores e comerciantes da região. Além de Higienópolis, Santa Cecília, Consolação, Vila Buarque e Cerqueira Cesar, o bairro de Campos Elíseos foi prejudicado desta vez.

Em nota, a empresa informou detectou uma possível nova falha na rede de distribuição subterrânea que atende os bairros afetados e, por isso, fez um desligamento preventivo. "Também, preventivamente, a companhia mobilizou geradores adicionais, além dos que já estavam disponíveis na região", declarou em nota.

Ainda conforme a concessionária, por volta das 16h o fornecimento de energia foi normalizado para 97% dos clientes afetados. Os demais, cerca de mil, ainda devem ser abastecidos por meio de geradores concedidos pela empresa.

Ainda durante a manhã, quando completaram 48 horas do apagão, diversos endereços continuavam sem energia elétrica e começaram a sofrer com desabastecimento de água.

A Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), que fica na rua General Jardim, na Vila Buarque, afirmou que desde segunda teve de remanejar as aulas presenciais para o on-line, além de fechar todo o atendimento aos estudantes, como secretaria, biblioteca e laboratório de informática.

"Hoje cedo voltou em partes [a energia], mas oscila, ainda não conseguimos ligar parte dos aparelhos da instituição. Em resumo, hoje é o terceiro dia seguido que não conseguimos ter aulas presenciais. Vamos ter que passar o noturno para on-line hoje de novo, pelo terceiro dia seguido. Não dá pra confiar", afirmou a instituição.

Bruno Eliezer, que mora e tem uma livraria na rua Aureliano Coutinho, também na Vila Buarque, disse que o prédio onde vive continuava sem energia.

"A luz que tinha acabou de novo. Estamos sem água. Está bem difícil, e só cheiro de diesel queimado. Tem cinco geradores na rua", afirmou.

Carolina Dantas, 33, que mora na rua Major Sertório, também na Vila Buarque, já com a eletricidade normalizada em seu apartamento desde a terça de manhã, mas passou a ter intermitência nesta quarta.

"Eu trabalho de casa e estou vendo que o problema não está resolvido. Se está indo e voltando significa que não arrumaram de fato. A gente não consegue se organizar. Não sei se preciso ir para um hotel para poder trabalhar. Não sei se vai ficar sem energia 1 hora ou um dia", apontou.

A Enel afirmou na noite desta terça que havia normalizado o fornecimento de energia para todos os clientes que tiveram o serviço afetado na segunda-feira, em razão de danos "provocados por terceiros" na sua rede subterrânea.

A Sabesp respondeu que não há desabastecimento na região e que, devido à falta de energia, alguns prédios não conseguem bombear a água para a caixa d'água.

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