Descrição de chapéu Obituário Glicia Helena Silva Landim (1977 - 2024)

Mortes: DJ foi referência feminina do reggae no Maranhão

Nega Glicia abriu espaço para as mulheres na discotecagem regueira

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Curitiba

A trajetória musical de Glicia Helena Silva Landim, conhecida como DJ Nega Glicia, começou nas festas de reggae de São Luís (MA), onde nasceu. Sua primeira parceria foi com Cesar Nascimento, ao dançar e interpretar a "Maguinha do Sá Viana", música famosa do cantor.

"Antes de ser DJ, a Glicia fez, em vários shows nossos, a personagem da Maguinha do Sá Viana na música de mesmo nome. Vá em paz Glicia, tocar o seu reggae feito por mulher no plano espiritual. Obrigado pela parceria", publicou o cantor.

A Secretaria de Cultura do Maranhão publicou nota de pesar. "DJ referência feminina e uma das pioneiras do reggae maranhense. Considerada grande personalidade do movimento, ela foi inspiração para as mulheres na discotecagem regueira. Ela também foi produtora, radialista e ativista cultural, apoiando projetos sociais e artísticos ligados ao reggae."

Glicia Helena Silva Landim, a DJ Nega Glicia (1977 - 2024)
Glicia Helena Silva Landim, a DJ Nega Glicia (1977 - 2024) - Arquivo pessoal

O Museu do Reggae aponta Glicia como referência para o reggae feminino. O diretor da entidade, Ademar Danilo, diz que ela fez história no estado ao se destacar num ambiente masculino. "Era a DJ mais talentosa do Maranhão."

A irmã Anete Moreira destaca sua força. "Mulher guerreira, batalhadora, mãe de família, esteio da casa, criou seu filho sozinha, com barreiras e mais barreiras. Transbordava alegria e fazia de tudo para deixar os outros bem. Ela era vida, era luz."

Sua coragem é lembrada pela prima Alessandra Vieira. "Era alegre, cheia de força, determinação, alto-astral, de brincadeiras aleatórias, gírias engraçadas e necessárias. Dizia que lugar de mulher é onde quiser e tocava para alegrar as pessoas e representar a força de uma mulher preta, de luta, de coragem e ousadia."

Antes do reggae, Glicia formou-se em turismo e trabalhou em operadoras de telefonia. Também foi produtora de eventos — levou o marfinense Alpha Blondy até São Luís. "Enfrentou muitas dificuldades, inveja, falta de apoio, pois o reggae era coisa de homem. Ajudou outras mulheres, repassando o que sabia, mas seu jeito era único", ressalta a irmã Glaucia Landim.

Em entrevista ao Canal Central Reggae, a artista afirmou que o ritmo não se limita à música. "Não é só tocar, é fazer feliz, lavar a alma, purificar o espírito. O reggae faz isso. (...) Precisamos usar o reggae como ferramenta de luta, para ajudar as pessoas", disse.

O filho de Glicia, Arthur Landin Costa, 13, diz que aprendeu com a mãe a respeitar a todos. "Ela dizia que podemos nos unir e defender um ao outro, e que todo mundo deve ser feliz do jeito que é, independentemente dos problemas da vida. O sorriso de mamãe era encantador. Ela foi incrível", diz o jovem.

Glicia morreu aos 47 anos em 24 de fevereiro, de aneurisma cerebral.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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