Três suspeitos de participar de morte de advogado no Rio são presos

Defesas de PM e de ex-funcionário da Alerj negam envolvimento; terceiro citado pela polícia não apresentou advogado

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Rio de Janeiro

Três suspeitos de participar da morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, assassinado a tiros no centro do Rio de Janeiro, foram presos nesta terça (5).

Um deles é o policial militar Leandro Machado da Silva, que se entregou pela manhã na Delegacia de Homicídios da Capital, zona oeste da cidade. O PM chegou à delegacia acompanhado de um advogado e não quis falar com a imprensa.

Segundo a investigação, ele teria sido o responsável por alugar o carro usado no crime. O veículo foi alugado em nome de Vinícius Drumond, filho do contraventor Luizinho Drumond, morto em 2020.

O advogado Rodrigo Crespo foi assassinado a tiros em frente à sede da OAB no centro do Rio, em 26 de fevereiro - Rodrigo Crespo no LinkedIn

A defesa do PM nega participação no crime. "A prisão do Leandro hoje não tem a ver com o processo. O Leandro é um cara que sublocava os carros. Essa sublocação que fez com que ele viesse parar aqui, justamente porque, aparentemente, alguém que cometeu esse crime cruel utilizou-se de um desses veículos. Mas o Leandro, em si, não tem relação com o processo, com a morte do colega advogado", disse Diogo Macruz, que representa o policial.

Outro preso é o ex-funcionário da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) Cezar Daniel Mondêgo de Souza, apontado pelos investigadores como responsável por vigiar os passos do advogado. Ele trabalhava como assistente no Departamento de Patrimônio da Alerj, com salário de R$ 2.029,37, e foi exonerado três dias após o crime.

Antes de ser preso, Souza foi chamado duas vezes para depor. Na primeira, negou participação no crime. Na segunda, ao ser confrontado com imagens, não quis fazer declarações. Também declarou não saber para qual deputado trabalhava com cargo comissionado.

Em nota, a Alerj disse que Souza foi nomeado em 2019 e seria substituído por Eduardo Sobreira Moraes, terceiro suspeito de envolvimento no assassinato. A assinatura da nomeação de Moraes foi feita pelo presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União), e pelo primeiro secretário da Mesa Diretora, Rosenverg Reis (MDB). A informação foi antecipada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Após a repercussão, a Assembleia afirmou que, "assim que tomou conhecimento sobre o caso e antes mesmo de ter sido realizada a posse, a Alerj tornou o ato de nomeação sem efeito em publicação no Diário Oficial". A Casa não disse quem indicou os nomes para o cargo.

O advogado de Souza, Manoel de Jesus Soares, negou a acusação. "O Eduardo [Moraes] é um conhecido dele. Ele não nega que o conhece. A relação deles é de caserna. Ele diz que conhece o Eduardo e utilizou, de fato, uma viatura de aplicativo que era conduzida pelo Eduardo, da propriedade dele, sem maiores detalhes", afirmou, acrescentando que o cliente andou com o colega no entorno da Lagoa, pois estavam procurando um local para uma "comemoração envolvendo colegas de farda", disse.

Já Moraes se entregou no final da tarde na Delegacia de Homicídios. Ele é acusado de fazer a vigilância da vítima por pelo menos quatro dias e estava foragido desde o final da semana, quando sua prisão temporária fora decretada. Até a publicação, ele ainda não havia prestado depoimento e, conforme o sistema do Tribunal de Justiça, não apresentou advogado.

Crespo foi morto com 18 tiros, que provocaram 21 perfurações, no dia 26 de fevereiro, em frente à sede local da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A polícia afirma que as investigações apontam que o homicídio não teve relação com sua atividade advocatícia.

Conforme a Folha mostrou nesta segunda, os investigadores apuram se a morte do advogado está ligada a envolvimento com apostas online. Em depoimento, a namorada da vítima afirmou que ele queria abrir negócios no ramo de apostas e procurava por um "operador". Ela ainda disse que Rodrigo estava começando a advogar para clientes vinculados com jogos de cassino online.

A suspeita da motivação é reforçada pelo fato de o PM suspeito de envolvimento no crime alugar carros em uma concessionária da zona oeste para Vinícius Drumond. O gerente da locadora afirmou em depoimento que o Gol branco usado no crime foi locado pelo PM em nome de Vinícius Drumond.

Procurado, o advogado Carlos Lube, que representa Drumond, afirmou, em nota, que seu cliente "nunca, jamais, em tempo algum manteve vínculo, seja profissional ou pessoal, e sequer conhece o policial militar Leandro Machado da Silva, razão pela qual é falsa a alegação de que essa pessoa seria seu chefe de segurança".

Já o gerente da concessionária afirmou, em depoimento, que foi o próprio Vinícius quem apresentou o policial como responsável pelo aluguel de seus veículos.

Ainda de acordo com a polícia, os homens responsáveis pela morte de Crespo integram um grupo de extermínio da Baixada Fluminense, que seria liderado por outro PM, foragido há mais de um ano.

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