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El Niño dobra o volume de chuva no Sul e deixa o resto do país abaixo da média em 2023

Boletim do Inmet mostra que no RS a chuva superou a média anual em mais de 1.000 mm, enquanto no MT e no PA choveu 1.000 mm a menos

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São Paulo

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) divulgou nesta quinta-feira (25) uma análise da influência do El Niño nas condições climáticas do país em 2023 e nos primeiros três meses de 2024.

Os efeitos mais marcantes do fenômeno climático, que aquece as águas do oceano Pacífico e influencia o clima de todo o planeta, ocorreram na variação das chuvas e nas ondas de calor pelo território nacional.

Em relação às precipitações, enquanto a região Sul teve tempestades e volumes muito acima da média esperada, as demais regiões sofreram com a escassez, com os acumulados de chuva próximos ou abaixo da média.

Bombeiros gaúchos resgatam vítimas de alagamento nas regiões do litoral norte, Vale dos Sinos e Metropolitana de Porto Alegre, que sofreram com tempestades provocadas pelo El Niño
Bombeiros gaúchos resgatam vítimas de alagamento nas regiões do litoral norte, Vale dos Sinos e Metropolitana de Porto Alegre, que sofreram com tempestades provocadas pelo El Niño - cbmrsoficial no Instagram

Segundo o instituto, os maiores volumes de chuva foram observados principalmente no Rio Grande do Sul, com acumulados que superaram os 2.000 mm no ano. O destaque ficou para o município de Passo Fundo, onde foi registrado um volume total de 2.840 mm, o que corresponde a 922 mm acima da média histórica anual.

O inverso foi observado em Mato Grosso. No município de São Vicente, o total de chuva foi de apenas 313 mm, sendo que a média histórica da cidade é de 1.833 mm, ou seja, 1.520 mm a menos. Já em Matupá, no mesmo estado, choveu 760 mm em 2023, enquanto a média é de 2.062, um déficit de 1.302 mm.

Outra região que sofreu com a seca foi a Norte. A estação meteorológica do Inmet de São Félix do Xingu, no Pará, registrou um volume total de 890 mm no ano, quando a média histórica é de 1.985 mm.

Os estados que compõem o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), além do Centro-Oeste e parte do Sudeste também foram afetados pela falta de chuva, o que ajudou na criação das ondas de calor.

Mapas da anomalia de precipitação (chuva), em milímetros (mm), durante o trimestre (a) outubro-novembro-dezembro/2023 e (b) janeiro-fevereiro-março/2024; em 2023, o Sul foi mais chuvoso que o resto do país
Mapas da anomalia de precipitação (chuva), em milímetros (mm), durante o trimestre (a) outubro-novembro-dezembro/2023 e (b) janeiro-fevereiro-março/2024; em 2023, o Sul foi mais chuvoso que o resto do país - Reprodução/Inmet

Em relação às temperaturas, os dados do Inmet mostraram que elas ficaram acima da média em grande parte do país. As maiores temperaturas médias foram registradas nas estações meteorológicas do Inmet na região Nordeste, como em Guaramiranga (CE) e Triunfo (PE), ambas com 26ºC e desvios acima de 4ºC.

Ao longo do ano, as regiões Centro-Oeste e Sudeste também apresentaram temperaturas elevadas. Em São Vicente (MT), a temperatura média foi de 27ºC, o que corresponde a 3,5ºC acima da média histórica, que é de 23,5ºC. Na região Sul, o município de Campo Mourão, no Paraná, apresentou temperatura de 2,1ºC acima da média.

Primavera mais quente e chuvosa que verão

Ao comparar a primavera de 2023, entre outubro e dezembro, com o verão de 2024, de janeiro a março, o Inmet também constatou que os efeitos do El Niño foram mais fortes na estação que seria mais amena no país, pois a chuva no Sul foi mais intensa, assim como a escassez de chuva no centro-norte.

"Em dezembro do ano passado foi registrado o valor mais elevado de 2ºC acima da média, atingindo a maior intensidade do fenômeno. Entre os meses de fevereiro e março de 2024 estes valores de temperaturas diminuíram de 1,5ºC para 1,3ºC, o que indica o enfraquecimento do El Niño, porém, ainda deixa o fenômeno na categoria moderada", afirmou Danielle Ferreira, meteorologista e pesquisadora do Inmet.

Mapas mostram a anomalia de temperatura média (ºC) durante o trimestre (a) outubro-novembro-dezembro/2023 e (b) janeiro-fevereiro-março 2024; a primeira foi muito mais quente que o verão
Mapas mostram a anomalia de temperatura média (ºC) durante o trimestre (a) outubro-novembro-dezembro/2023 e (b) janeiro-fevereiro-março 2024; a primeira foi muito mais quente que o verão no país - Reprodução/Inmet

De acordo com Ferreira, a previsão indica que, entre o final do outono e o início do inverno, haverá uma transição do El Niño para a neutralidade, com elevada probabilidade de desenvolvimento do fenômeno La Niña, que consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do oceano Pacífico tropical central e oriental, a partir da segunda metade do ano.

O La Niña é o oposto do El Niño. Em vez das tórridas ondas de calor, a tendência para o inverno de 2024 é de muito frio —consideradas as proporções em um planeta já aquecido em relação aos níveis pré-industriais.

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