Fugitivo de Mossoró relata agressão em presídio, afirma advogada

Declaração de Rogério, segundo a defesa, foi dada à PF e à Justiça na segunda (8); OUTRO LADO: Ministério da Justiça diz que detentos passarão por exame nesta terça (9)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Brasília

A advogada Flávia Fróes, responsável pela defesa dos dois presos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), afirma que Rogério da Silva Mendonça vem sofrendo agressões dentro do presídio após ser recapturado.

Rogério, conhecido como Martelo, e Deibson Cabral Nascimento, chamado de Tatu ou Deisinho, foram recapturados no Pará após 50 dias de fuga e foram levados de volta para o presídio de Mossoró.

"Rogério relatou que vem sofrendo agressões físicas lá na penitenciária de Mossoró. A defesa solicitou inicialmente um atendimento com o corregedor Walter Nunes e peticionamos para que sejam encaminhados para exame de corpo de delito", disse.

Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento - Divulgação/Polícia Rodoviária Federal

A declaração de Rogério, segundo a advogada, foi dada para a Polícia Federal e para a Justiça Federal na segunda-feira (8).

O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse, por meio de nota, que os detentos serão encaminhados ao IML (Instituto Médico Legal) nesta terça-feira (9) para realizarem exames de corpo de delito.

Fróes afirma também que Rogério e Deibson não estão tendo acesso ao banho de sol desde que voltaram para a penitenciária.

Sobre este ponto, o Ministério da Justiça afirmou que o banho de sol será retornado também nesta terça, como estava previsto.

"Informamos, ainda, que o procedimento faz parte da rotina de reingresso ao sistema penitenciário. Ou seja, a retomada do banho de sol não é imediata, leva um tempo", acrescentou a pasta, em nota.

Os dois fugitivos foram presos em uma rodovia perto de Marabá (PA), a cerca de 1.600 km do local da fuga pelo trajeto mais rápido de carro (1.300 km em linha reta), de acordo o Ministério da Justiça.

A fuga ocorreu na madrugada do dia 14 de fevereiro e expôs o governo de Lula (PT) a uma crise justamente em um tema explorado por adversários políticos, a segurança pública.

Segundo as investigações, a dupla tentava sair do país com outras quatro pessoas. Todos foram presos.

No primeiro veículo abordado, Martelo estava no banco de carona e portava um fuzil. Ele chegou a colocar a arma para fora do carro, quando o carro da PF colidiu com o dos fugitivos.

Depois disso eles saíram do veículo, e Martelo largou a arma. Os outros dois veículos foram abordados na cabeceira de uma ponte. Com o grupo foram encontrados oito celulares, além do fuzil com dois carregadores.

Para o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a demora de 50 dias para localizar os foragidos foi um "prazo que segue os paradigmas internacionais" em um "país de dimensões continentais".

No período em que eram procurados, os fugitivos mantiveram uma família como refém, foram avistados em comunidades diversas, se esconderam em uma propriedade rural e agrediram um indivíduo na zona rural de Baraúna (RN). Os investigadores suspeitam que os dois fugitivos tenham sido mantidos por integrantes do Comando Vermelho do Rio de Janeiro em parte desse tempo.

A fuga provocou uma crise no governo e causou medo na população local. O juiz federal Walter Nunes, corregedor do Penitenciária Federal de Mossoró, disse à Folha em fevereiro que, "sem dúvidas", esse foi o episódio mais grave da história dos presídios de segurança máxima do país.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.