Descrição de chapéu educação paraisópolis

Não é justo acusar colégio de segregar bolsistas, diz presidente do G10 Favelas

Para Gilson Rodrigues, instituição escolar dava suporte aos moradores de Paraisópolis quando prefeitura e governo não fornecia vagas para a comunidade

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São Paulo

"Acusar colégio Porto Seguro de segregar os alunos pagantes dos bolsistas é mentira e injustiça", diz Gilson Rodrigues, fundador da G10 Favelas (grupo que reúne as dez maiores comunidades do Brasil).

O colégio alemão, que possui 1.600 alunos bolsistas, foi processado nesta segunda-feira (15) por outras três ONGs que acusam a instituição de separar os estudantes. As entidades Educafro, Ponteduca e Anced Brasil pedem por uma indenização de R$ 15 milhões, além da adoção de medidas de promoção da equidade racial e social.

Por meio de nota, o colégio refuta a acusação de discriminação e diferença de tratamento dos alunos. O texto afirma que a instituição "atua na promoção da equidade para toda a comunidade escolar e acolhe, há mais de 60 anos, estudantes bolsistas provenientes de famílias de baixa renda".

Fachada norte do prédio do Colégio Visconde de Porto Seguro
Fachada norte do prédio do Colégio Visconde de Porto Seguro - Wikimedia Commons

Gilson Rodrigues diz que o Porto Seguro, assim como outras instituições de ensino, sempre foram parceiros da comunidade em um período que muitas crianças não conseguiam vagas em escolas públicas e nem creches.

"Durante muitos anos, Paraisópolis tinha crianças fora de creches. De 2008 para cá, foram construídas escolas e zeramos a fila de creche. Até então, tínhamos apoio de colégios de elite que cercam Paraisopolis, sempre foram parceiros", diz ele.

O fundador do G10 afirma que o Porto Seguro desempenha um papel de fornecer vagas e parceria com a comunidade desde quando a prefeitura e o governo do estado não chegavam na comunidade. "Eles [gestões municipais e estadual] diziam que iriam urbanizar Paraisópolis, mas não nos davam soluções. Não é justo que o Porto seja acusada de segregação", diz Rodrigues.

Ele alega que não foi consultado pelas ONGs que moveram o processo e que pretende mobilizar a comunidade para refutar as alegações das entidades.

O colégio, fundado há 144 anos, criou em 1966 a então chamada Escola da Comunidade para atender estudantes pobres. Hoje, cerca de 1.600 alunos de baixa renda recebem bolsas de estudo integral divididas entre educação básica e educação para jovens e adultos. Eles recebem uniforme, material escolar e alimentação gratuitamente.

Até 2020, alunos pagantes e não pagantes estudavam na mesma unidade, localizada no Morumbi (zona oeste de São Paulo), porém isso mudou quando todos os bolsistas passaram a estudar em outro prédio na Vila Andrade (zona sul). As duas unidades estão separadas por cerca de quatro quilômetros.

A mudança, de acordo com o Porto Seguro, aconteceu porque a nova unidade está em um local mais acessível para moradores de Paraisópolis e da Vila Andrade, bairros de origem de grande parte dos bolsistas. As ONGs dizem que os alunos dos dois locais conseguem acessar a unidade do Morumbi.

Rodrigues afirma que a unidade foi um pedido feito pela própria comunidade. "A escola ampliou o número de vagas. Para os alunos é como ganhar na loteria, é uma chance de as crianças não irem para a violência. É o contrário da segregação", diz ele.

O presidente da G10 diz ainda que "pode ter um aluno ou outro que gostaria de frequentar a unidade para os pagantes", mas que é um colégio grande com milhares de alunos e que é preciso uma organização.

Para ele, a iniciativa do colégio é capaz de fornecer oportunidades para que os alunos ingressem em universidades renomadas e garantam empregos no futuros. "São oportunidades para que as pessoas tenham dinheiro no bolso", diz. "Não é justa essa acusação."

Ele afirma ainda que o projeto do colégio que já tem mais de seis anos foi responsável pela formação de uma geração de alunos. "Muitas coisas avançaram fruto deste projeto. Essa nova classe média é fruto de ter estudado neste projeto."

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