A Marinha decidiu enviar o maior navio de guerra da América Latina para auxiliar a população do Rio Grande do Sul com embarcações para resgate, suprimentos de saúde e estações para tratamento de água.
O navio-aeródromo multipropósito Atlântico sairá da Base Naval do Rio de Janeiro na quarta-feira (8), com previsão de chegada ao estado no sábado (11).
Ele deve levar oito embarcações de médio e pequeno porte, 40 viaturas e cerca de 1 mil militares para auxiliar no resgate às vítimas das enchentes. A Marinha ainda usa oito lanchas para transportar famílias desabrigadas pelas chuvas.
Comandante da 1ª Divisão da Esquadra, o contra-almirante Nelson Leite coordena a operação no Atlântico. Ele disse à Folha que o navio servirá como uma grande base logística para a operação de resgate, com funções diferentes das empregadas pelo aeródromo quando São Sebastião (SP) sofreu com temporais que causaram deslizamentos e enchentes.
"Em São Sebastião, o navio estava muito próximo da costa e foi utilizado como um hospital de campanha. Já no Rio Grande do Sul, o foco das chuvas está no entorno de Porto Alegre, um pouco mais distante da costa", disse Leite.
"A função do Atlântico no Rio Grande [do Sul] vai ser diferente por causa dessas características. Ele vai servir como um grande centro de comando operacional, com o transporte de grande número de material, pessoal e apoio logístico".
Leite ainda afirmou que o Atlântico só sairá na quarta porque o navio atracou na manhã desta terça-feira (7) na Base Naval do Rio de Janeiro, após ser usado para o treinamento de pilotos e equipes de manobra. "Desde às 7 horas da manhã estamos só preocupados em embarcar material: doações que familiares de militares estão fazendo, contêineres refrigerados, água, colchões [...] Em menos de um dia e meio já vamos sair para o Porto do Rio Grande".
Além das embarcações e pessoal, o navio levará duas estações móveis para tratamento de água que, segundo a Marinha, têm capacidade de produzir 20 mil litros de água potável por hora.
Outras três embarcações serão enviadas pela Marinha nos próximos dias. "O trabalho das equipes de resgate aéreo da Marinha [...] receberá, com a chegada dos navios, reforço de mais oito aeronaves, além das quatro que permanecem de prontidão no estado", disse a Marinha, em nota.
A Força diz já ter salvado 150 pessoas desde o início das operações no Rio Grande do Sul.
O Atlântico tem pouco mais de 200 metros de comprimento e é operado pela Força Naval brasileira desde 2018, quando foi comprado pelo Brasil. Ele tem capacidade para embarcar cerca de 20 helicópteros e 1.100 militares —sendo o principal navio de guerra que a Marinha possui atualmente.
Além da embarcação, a Marinha planeja enviar nesta terça-feira (7) um grupo de fuzileiros navais para levantar um hospital de campanha em Canoas (RS). O espaço deve ter capacidade de 40 leitos, e as vítimas das enchentes serão atendidos por médicos militares.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.