Descrição de chapéu Folhajus São Paulo

Promotoria recorre e pede prisão preventiva de motorista de Porsche

Justiça já negou três pedidos, mas tornou condutor de carro de luxo réu por homicídio doloso e lesão corporal

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São Paulo

A promotora Monique Ratton ajuizou uma medida cautelar, nesta quinta-feira (2), em que pede que a Justiça acate recurso e aceite a prisão preventiva do empresário e condutor da Porsche, Fernando Sastre de Andrade Filho, 24, que causou a morte do motorista de aplicativo Ornaldo Silva Viana, 52.

No início da semana, o juiz Roberto Zanichelli Cintra, da 1ª Vara do Júri de São Paulo, negou a prisão preventiva. Ele argumentou que as motivações da Promotoria não têm "vínculo com a realidade dos autos e buscam suas justificativas em presunções e temores abstratos".

Porsche azul ficou com dianteira destruída após colisão com Sandero na avenida Salim Maluf, em São Paulo
Porsche azul ficou com dianteira destruída após colisão com Sandero na avenida Salim Maluf, em São Paulo - Divulgação/Polícia Civil

Agora, Ratton alega que, além de o caso preencher requisitos autorizados para a prisão preventiva, o empresário influenciou o depoimento da sua namorada, que apresentou às autoridades policiais informações idênticas as apresentadas pela mãe de Fernando, Daniela Cristina de Medeiros Andrade.

No recurso, a promotora afirma também que Fernando possui outros dois boletins de ocorrência que constam envolvimento em acidentes com outros automóveis. Em um deles, é registrado que o empresário atingiu dois motociclistas com seu veículo.

A Folha acionou a nova defesa do empresário nesta terça, porém o advogado que o representa disse que não vai se manifestar. Fernando trocou de advogados após se tornar réu no caso.

Na denúncia que foi encaminhada na segunda-feira (29), o Ministério Público considera que Fernando ingeriu álcool em dois estabelecimentos antes de dirigir no dia do acidente, que aconteceu 31 de março.

"A namorada e um casal de amigos tentaram demovê-lo da intenção de dirigir, mas o condutor ainda assim optou por assumir o risco", diz a Promotoria, que também citou a velocidade do carro —de 156 km/h na hora do acidente, de acordo com a perícia.

O órgão cita ainda que o amigo de Fernando também foi gravemente ferido e ficou na UTI por dez dias. "O denunciado só se apresentou 36 horas depois da colisão, tendo deixado o local dos fatos com autorização dos policiais militares que atenderam à ocorrência", afirma.

O Ministério Público também requisitou o compartilhamento de provas para que os agentes públicos respondam por "eventual cometimento de crime por terem cedido ao pedido da genitora do denunciado de levá-lo ao hospital, quando deveriam tê-lo escoltado até o local".

Imagens de câmeras corporais dos agentes mostram o jovem ao lado da mãe, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, por volta das 3h do dia 31 de março. Os dois tentaram deixar o local, mas são impedidos por uma policial militar que diz precisar "qualificar" o jovem antes de liberá-lo. "Não pode tirar ele daqui assim", afirma.

A PM pergunta a outro colega se ele possui equipamento para teste de bafômetro no local, e o policial responde que não tem. Depois de conversar com o motorista, a policial militar fala com um bombeiro que diz que Fernando estava "um pouco etilizado".

A mãe de Fernando afirmou às autoridades policiais que o levaria até o hospital. Porém, quando as autoridades policiais foram até o estabelecimento descobriram que o empresário não havia estado lá.

De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), houve falha de procedimento dos policiais que atenderam a ocorrência pelo fato do motorista não ter sido submetido ao bafômetro.

O dono do Porsche se apresentou na delegacia na tarde de segunda, mais de 30 horas após a colisão.

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