Descrição de chapéu Obituário Humberto Capobianco (1933 - 2024)

Mortes: Flamenguista, padre deixa legado na educação

Padre Humberto Capobianco dedicou a vida aos mais necessitados e fundou colégio em Pirassununga (SP)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

João Pedro Capobianco
São Paulo

Sempre que voltava a Minas Gerais, chegando do interior de São Paulo ou de qualquer outra parte do mundo, ele contagiava a família com seu bom humor e sua sabedoria.

Nascido em Campestre (MG), em 22 de junho de 1933, Humberto Capobianco era filho do casal José e Percídia. Apaixonado por futebol desde a infância, deixou cedo a cidade natal para se dedicar à vida eclesiástica.

Padre Humberto Capobianco (1933-2024) - Arquivo Pessoal/Arquivo Pessoal

Tio Padre, como era chamado em família, ingressou no Seminário de Pirassununga (SP) em 1946, e virou sacerdote aos 25 anos. Na cidade do interior paulista, trabalhou ajudando os mais necessitados e se engajando no campo da educação. Foram mais de seis décadas dedicadas à igreja como missionário do Sagrado Coração, congregação que ele representou em conferências em cinco continentes.

O Colégio John Kennedy, em Pirassununga, foi fundado (1971) e dirigido por ele. Aquela presença altiva influenciou centenas de estudantes, como a jornalista Daniela Arcanjo, que relembra seu legado humanista: "Ele tinha uma personalidade radicalmente humana. A história que mais me marcou com o padre Humberto aconteceu quando lançaram 'Tropa de Elite'", diz ela. "Lembro que ele passou de sala em sala para falar sobre tortura. Talvez um diretor de escola escolhesse se abster da discussão, mas ele quis falar. Foi um privilégio ter essa referência em anos tão definitivos da minha formação."

O amor do Tio Padre à cultura era reconhecido pelos pares no sacerdócio, que viam nele um líder e um exemplo. "Era um homem atento à escuta, que ensinava pelos gestos e pelas palavras. Um homem simples, mas de muita cultura. Rico em conhecimento, mas pobre naquilo que tinha. Deu um testemunho de vida religiosa", disse dom Manoel Ferreira dos Santos, bispo de Registro (SP), durante missa de corpo presente.

Padre Humberto Capobianco à esquerda, de terno escuro e óculos e Papa João Paulo II, de branco com crucifixo no pescoço, à direita
Padre Humberto Capobianco e Papa João Paulo II, em encontro no Vaticano - Arquivo Pessoal

Apaixonado pelo Flamengo, incentivava, com algum sucesso, as gerações mais novas da família a torcer pelo time rubro-negro. A relação com o futebol é narrada no livro "As Cartas de Wagner", em que sua irmã Clarita Brochado Capobianco conta, entre outras histórias da cidade de Campestre, os esforços do menino Humberto para formar seu invejado time de botão.

Após 90 anos de vida voltada às pessoas, ao ensino e à igreja, padre Humberto Capobianco deixa um legado de humanismo e de amor ao próximo. Morreu no domingo, 2 de junho, em Pirassununga, assistindo à última goleada, de 6 a 1, do Flamengo sobre o Vasco.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.