Descrição de chapéu Obituário Elio Copini (1969 - 2024)

Mortes: O homem pacato que deu vida a assassinos e caçadores de zumbis

Elio Copini viu no cinema a oportunidade de viver muitas histórias além da sua

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São Paulo

Um pacato contador do interior de Santa Catarina que vira um caçador de zumbis ou um perigoso assaltante capaz de assassinar a mulher por falar demais. A história parece com as sinopses de filmes em que Elio Copini atuou, mas foram as possibilidades que o cinema deu de ele viver diferentes personagens nas telas.

Na pequena Palmitos, de pouco mais de 15 mil habitantes, no oeste catarinense, Elio era contador da oficina mecânica de sua família, mesmo sem ter interesse por carros. Ele sequer dirigia. Era conhecido na cidade por ser um homem tranquilo, que sempre ouvia os argumentos dos outros antes de falar.

As visitas à cidade do Teatro do Biriba, um circo que se apresenta no interior dos estados do Sul, despertaram o sonho dele de ser ator. Mas seu sonho não se desenvolveu nos palcos e picadeiros, mas nas telas de cinema.

Elio Copini (1969 - 2024) segura uma claquete de filme
Elio Copini (1969 - 2024) - José Pignat/Canibal Filmes

Sua carreira artística começou em 1995, quando conheceu o diretor Petter Baiestorf. Ao longo de quase 30 anos de amizade e parceria, eles fizeram mais de 20 filmes juntos. A partir da experiência com Baiestorf, Copini fez carreira com outros diretores da região, principalmente no cinema fantástico.

Este cinema artesanal, fora do mercado tradicional, se tornou um espaço para a manifestação daqueles jovens dos anos 1990. "Nós éramos os filhos rebeldes de uma cultura agrícola e de influência tradicionalista gaúcha aqui na nossa região", comenta Baiestorf, criador da Canibal Filmes.

Para eles, fazer filmes era uma experiência parecida com ter uma banda de música punk ou hardcore. Um estilo de filmes que Baiestorf batizou de gorechanchada, por misturar elementos dos filmes B dos Estados Unidos, notadamente o gênero de terror, com a comédia.

O sonho de fazer cinema para eles só foi possível graças a tecnologias mais baratas do que filmar em película. Primeiro com a filmagem direto em VHS e depois com as câmeras digitais. Os filmes sempre foram produzidos na vontade de fazer, sem outras formas de financiamento.

Copini foi Donald Cossaculo em "Raiva" (2001). O filme participou de festivais e shows de bandas pelo Brasil. Fez o Tecnolatra em "Primitivismo Kanibaru na Lama da Tecnologia Catódica" (2003). Obra que tinha entre seus admiradores o cineasta Carlos Reichenbach, que chegou a exibi-lo na Sessão Comodoro, em São Paulo.

Em "Zombio 2: Chimarrão Zombies" (2013), foi Américo Giallo. O trabalho participou de festivais internacionais de cinema fantástico como Sitges (Espanha), Montevideo Fantástico (Uruguai), Rojo Sangre (Argentina) e Butt (Holanda)

Interpretou ainda o Caminhante em "Andále" (2017). Curta experimental premiado nos festivais CineAmazônia (2017), Aos Berros de Cinema e Música Independentes (2017) e de Jaraguá do Sul (2018).

Elio morreu no dia 28 maio, aos 54 anos. Deixa os pais Lourdes e Ezílio João e os irmãos Matilde, Imelda e Nilo.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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