Descrição de chapéu Obituário Luiza Maynara Diogo Veras (1995 - 2024)

Mortes: Viveu paixões intensas e pintou o amor lésbico

Azuhli era figura marcante da cena artística de Fortaleza, onde mantinha um ateliê

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Juazeiro (BA)

Com cores vibrantes, Azuhli pintava corpos e destacava o amor lésbico em suas telas. A cearense era intensa nas paixões, dedicava quadros às ex-namoradas e dizia pintar como quem escreve cartas de amor.

"Sempre digo que sou péssima com palavras, então cada pincelada é um verso que queria ter escrito nessa hipotética declaração de amor", publicou nas redes sociais.

A artista gostava de telas grandes e dava cores surrealistas às coisas, como corpos azuis e vermelhos. "Eu gosto de pensar que de alguma maneira é como ela via as pessoas que ela retratava e era uma forma de criar um outro universo", diz a irmã Luana Diogo, 37.

Luiza Maynara Diogo Veras, a artista plástica Azuhli (1995 - 2024)
Luiza Maynara Diogo Veras, a artista plástica Azuhli (1995 - 2024) - @azuhli no Instagram

Seus trabalhos foram expostos em diversos espaços de Fortaleza, sua terra natal, e também em salões e mostras de outros estados e países, como a SP-Arte. Alguns também estampam marcas de designers cearenses.

Azuhli era presença marcante na cena cultural. Integrava o movimento Ateliês do Pocinho, artistas que ocupam salas de um edifício icônico do centro da capital cearense, onde organizava eventos e realizava seus trabalhos.

Seu nome artístico é um anagrama ao de batismo, Luiza. Filha de uma professora e um policial militar, Luiza Maynara Diogo Veras nasceu em 1995. Desde pequena, gostava de desenhar e começou a frequentar exposições acompanhando a irmã, que trabalhava em um museu. Aos 16, já produzia obras e vendia em feirinhas.

"Recentemente, eu encontrei um desenho que ela me deu quando era uma criança. Ela já tinha essa coisa de entender o desenho como algo que dura, como um presente", conta a irmã.

Após o ensino médio, ingressou no curso de arquitetura. Passou a frequentar o centro cultural da universidade, no qual se aproximou da pintura, e aprimorou suas técnicas nas matérias de desenho.

Abandonou a faculdade para investir na carreira de artista visual. Além de pintar, trabalhou com esculturas e fotos. Fez cursos livres na Faculdade de Belas Artes da Argentina, em Buenos Aires, e residência artística em Braga, Portugal.

Seu dia sempre começava ao som de João Gilberto, enquanto fazia tapioca para o café da manhã. Tinha uma rotina rigorosa de trabalho. Passava o dia, até noite, em seu ateliê.

Azuhli pintava uma nova série de quadros, passou a tarde de 16 de maio no ateliê trabalhando ao lado do amigo Ramón. Morreu na noite do mesmo dia, aos 29 anos, em casa.

Seu velório durou três dias. A família esperava um casal de tios que vinha de Portugal, pois ela os chamava de pai e mãe. Foram muitas despedidas, de amigos da época da escola a artistas que foram homenageá-la.

Deixa a mãe Isabel, o pai Wagner, a irmã Luana, os tios Auxiliadora e Airton, que ajudaram na sua criação, e os primos Sidney, Lívia e Rodney.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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