Se vier pra cima da gente vai tomar na testa, diz Nunes sobre operações da GCM na cracolândia

Prefeito de SP diz que vai recorrer da decisão que proíbe guardas civis de usarem bombas e balas de borracha no local

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São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse nesta quarta-feira (26) que deverá recorrer da decisão judicial que impede a GCM (Guarda Civil Metropolitana) de usar balas de borracha, bombas de gás e formação de ataque semelhantes aos da pela Polícia Militar durante ações em meio aos usuários de drogas que frequentam a cracolândia.

Nunes negou que os guardas têm atuado como se fossem policiais. "Agora, a GCM não vai tratar com rosa quem está agredindo alguém. Não vai", afirmou o prefeito. "A GCM vai usar sua expertise para garantir a segurança da pessoa e dos nossos agentes."

O prefeito também chegou a dizer que, se alguém enfrentar o poder público, vai "tomar na testa".

"Ali a gente sabe que tem traficante, muitas ações ocorrem para fazer enfrentamento público. Se vier pra cima da gente, vai tomar, mas na testa, porque não vamos aceitar", afirmou Nunes. "Se tiver uma situação de, sei lá, 10, 20, 30 pessoas que vão agredir alguém, vai fazer o quê? [Pedir] por favor? Não, não dá", prosseguiu o prefeito.

Homem passa com os braços para cima no meio de dois guardas civis e uma fila de pessoas espera atrás da grade para ser revistada
Guarda Municipal e PM revistam usuários de drogas durante ação na rua dos Protestantes, na região da cracolândia, no centro de São Paulo - Danilo Verpa - 6.jun.2024/Folhapress

Na decisão judicial, a juíza Gilsa Elena Rios, da 15ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, acatou parte dos pedidos da ação civil pública movida pelo Ministério Público após operação policial de maio de 2017 que dispersou dependentes químicos e prendeu traficantes.

Na ocasião, a Polícia Civil deflagrou uma megaoperação que desmantelou a feira livre de drogas que ocorria no entorno da praça Júlio Prestes, na Luz, endereço da cracolândia por mais de 20 anos. A ação teve início antes das 7h do dia 20, com arremessos de bombas de gás contra dependentes químicos. Ao menos 38 pessoas foram presas naquele dia, segundo a Polícia Civil.

No dia seguinte, o então prefeito João Doria (hoje sem partido) decretou o "fim da cracolândia", apesar de usuários continuarem consumindo crack em vias próximas, como Aurora, Helvétia, Dino Bueno, Barão de Piracicaba e Rio Branco.

A decisão judicial determina que a GCM formule, em até 60 dias, um plano rotineiro de atuação na cracolândia. Ordena ainda que a GCM tenha um canal de comunicação para denúncias de abuso de agentes, que deverão ser encaminhadas ao comando para instauração de processos administrativos.

Nunes criticou a decisão. "Não vejo correto um juiz ou qualquer pessoa querer definir procedimentos específicos de uma atividade tão delicada que ocorre naquela área de cena aberta de uso. Então, acho que colocar isso para o juiz ou para a juíza, o que é a vida real", disse o prefeito.

"Jamais vou aceitar que juiz, juíza, desembargador, coloquem a honra, a integridade e o bom serviço da Guarda Civil Metropolitana em descrédito para esta população", completou.

Ainda nesta quarta, Nunes anunciou que deverá manter as grades instaladas em ruas onde há maior aglomeração de usuários de drogas na região central. "É uma medida de segurança para a própria segurança deles, para a ambulância poder entrar e socorrer uma pessoa. O objetivo não é isolar as pessoas", disse Nunes.

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