Descrição de chapéu Caso Marielle

'Reunião em Rio das Pedras é marco de tensão' entre Marielle e Brazão, diz ex-assessor da vereadora

Em depoimento ao STF, Arlei Assucena afirmou que Chiquinho Brazão teve destempero após votação contrária do PSOL a projeto de lei

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Rio de Janeiro

Um ex-assessor de Marielle Franco (PSOL) afirmou que uma reunião da vereadora com lideranças comunitárias de Rio das Pedras foi o "marco da tensão" com o então vereador Chiquinho Brazão, acusado de encomendar a morte dela.

A declaração foi dada durante audiência de instrução da ação penal no STF (Supremo Tribunal Federal) contra os acusados de encomendar a morte da vereadora. Na fala, ele destacou o fato de o encontro significar o acesso da vereadora a uma área dominada politicamente por Brazão e de atuação de milícias.

"A reunião em Rio das Pedras é um marco de tensão entre a política habitacional que Marielle defendia e que os Brazão faziam. [...] Até então não tinha visto os dois disputarem esse tema, ou em tema nenhum", disse Arlei.

O deputado federal Chiquinho Brazão, atualmente sem partido, teve sua prisão mantida em votação por colegas da Câmara - Agência Câmara

"Havia uma disputa sobre quem protagonizaria aquela luta, entre uma vereadora que não podia entrar naquele território e o vereador que dominava aquele território."

Além de Chiquinho Brazão, atualmente deputado federal, também foram acusados o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão, o delegado Rivaldo Barbosa e dois policiais militares. Todos negam envolvimento.

A fala de Arlei vai ao encontro do entendimento da PF, que em seu relatório final apontou como um dos motivos para o homicídio o temor de Brazão sobre o eventual avanço de Marielle sobre o eleitorado de Rio das Pedras. Os investigadores concluíram que o crime foi encomendado após um acúmulo de atritos com o PSOL e a própria vereadora.

Segundo a testemunha, o projeto foi considerado absurdo pela equipe técnica do gabinete da vereadora porque regularizava a ocupação de áreas de milícias e de pessoas com rendas mais altas.

Durante a audiência, a defesa de Chiquinho Brazão chegou a acusar Arlei de falso testemunho por relatar de forma equivocada a ordem de falas durante uma audiência pública sobre projetos envolvendo Rio das Pedras.

A testemunha havia dito que Marielle discursou antes sobre o tema do que Chiquinho, levando o então vereador a subir à tribuna para se posicionar e descrever suas ações para a comunidade.

O advogado Cleber Lopes, porém, apontou que a ata da sessão indicava que o deputado falara antes de Marielle, acusando Arlei de falso testemunho. O ex-assessor se retratou e disse ter se equivocado.

O ex-assessor também reiterou o episódio em que Chiquinho Brazão demonstrou contrariedade com um voto contrário de Marielle a um projeto de lei apresentado por ele. Segundo Arlei, o então vereador se recusou a assinar o apoiamento para apresentação de uma emenda à lei de diretrizes orçamentárias.

"O vereador para minha surpresa, teve um momento de destempero. Nunca tinha reagido comigo daquela maneira inapropriada. Ele me perguntou de quem era, e respondi que era da Marielle e do PSOL. Ele me respondeu em termos cheio de impropérios", disse ele.

O episódio também foi mencionado pela jornalista Fernanda Chaves, ex-assessora de Marielle que estava no carro no momento do crime.

"Houve um momento de choque de plenário. Nada demais, mas foi algo que ela chegou no gabinete comentando. 'Ih, o Brazão deu uma bronca'. Lembro dessa situação", disse ela.

Ela também relembrou o momento do crime. Disse que não foi atingida porque Marielle lhe serviu como um escudo.

"Não fui atingida porque Marielle foi meu escudo. Simplesmente, essa é uma leitura que eu faço. Eu estava muito próxima da Marielle, a gente estava olhando um celular da outra. A Marielle é uma mulher grande, alta, larga, grande", disse ela.

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